Saiba mais sobre a IA selecionada para diagnóstico de transtornos mentais no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) está prestes a adotar uma plataforma inovadora: o “e-Saúde Mental no SUS”, uma solução com aplicativo móvel e inteligência artificial para facilitar o diagnóstico, tratamento e o monitoramento de transtornos mentais na atenção primária.
O “e-Saúde Mental no SUS” representa uma iniciativa pioneira com potencial de transformar a atenção primária na saúde mental do Brasil. Integrar diagnóstico, tratamento e gestão em uma única plataforma com IA pode acelerar o atendimento, reduzir o estigma e melhorar a qualidade do cuidado. No entanto, sua eficácia dependerá de uso ético, supervisão profissional e avaliação constante da integração com o atendimento humano.
O que é o “e-Saúde Mental no SUS”?
Desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), projeto do Departamento de Psiquiatria da FM-USP em parceria com a FAPESP, a plataforma foi selecionada no Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 12 milhões.
A ferramenta promete reduzir o tempo entre os primeiros sintomas, o diagnóstico e o início do tratamento, além de ampliar a eficiência na identificação precoce de casos de saúde mental e disseminar conhecimento ao público, diminuindo o estigma associado ao tema.
O desenvolvimento deve durar cerca de um ano e meio. O CISM será responsável pela execução em parceria com a Eldorado, e haverá capacitação para profissionais do SUS, por meio de cursos, manuais e suporte técnico contínuo.
Funcionalidades principais
- Check-in Digital: cadastro inicial e acesso ao protocolo de tratamento.
- Avaliação de sintomas: por meio de questionários validados, identifica insônia, ansiedade, depressão, entre outros; integra os resultados ao prontuário eletrônico.
- Identificação de risco: emite alertas automáticos às equipes de saúde, conforme os padrões detectados.
- Psicoeducação e técnicas de autorregulação disponíveis diretamente no app, com orientações baseadas em evidências e ensaios clínicos randomizados.
- Direcionamento clínico: algoritmos auxiliam na indicação de condutas, desde terapias até encaminhamentos especializados; acompanhamento do progresso clínico.
- Gestão pública: análise de dados para identificar tendências regionais de saúde mental e apoiar decisões de gestão
Desafios e preocupações éticas
Apesar do potencial da IA na saúde mental — como ajuda na detecção precoce, triagem e personalização — existem limitações importantes:
- A IA não substitui a escuta clínica qualificada, avaliação comportamental ou diagnósticos feitos por profissionais.
- Há o risco de autodiagnósticos imprecisos, sobretudo via plataformas digitais não mediadas.
- Estudos mostram que chatbots podem reforçar vieses estigmatizantes ou até fornecer respostas perigosas em situações críticas, como ideação suicida.
- A tecnologia precisa ser usada como ferramenta auxiliar sob supervisão humana e com respaldo ético.
- A OMS recomenda transparência, consentimento informado, supervisão humana e proteção à privacidade no uso de IA na saúde.
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