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Duplicação da BR-153 avança sobre barracas e empurra famílias para a incerteza em Goiás

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O avanço das obras de duplicação da BR-153, em Goiás, tem provocado insegurança e indignação entre trabalhadores que, há décadas, tiram o sustento das margens da rodovia. A concessionária Ecovias do Araguaia iniciou a retirada de barracas no povoado de Jardim Paulista, no município de Nova Glória, medida que, embora respaldada por contratos federais, vem sendo alvo de duras críticas por parte de comerciantes, autoridades locais e trabalhadores afetados.

Comerciantes estão apreensivos | Foto: Divulgação redes sociais

Os atingidos classificam a ação como “covarde” e denunciam a falta de diálogo prévio por parte da concessionária. Segundo relatos, a remoção das estruturas compromete diretamente a subsistência de dezenas de famílias, muitas das quais não veem alternativa senão mudar de atividade econômica ou, em casos mais extremos, deixar a cidade em busca de novas oportunidades.

Enquanto a empresa alega cumprimento de normas técnicas, cerca de 100 famílias vêem o “ganha-pão” ser demolido por tratores, gerando uma mobilização política que busca, agora, uma saída negociada para que o desenvolvimento da estrada não atropele a dignidade de quem vive à beira da pista.

O deputado federal José Nelto (UB-GO) concedeu entrevista ao Jornal Opção, nesta segunda-feira, 29, sobre a polêmica envolvendo a retirada de comerciantes e barraqueiros ao longo da BR-153, em trechos como Jardim Paulista, Nova Glória e Rialma. O parlamentar classificou a ação da concessionária Ecovias do Araguaia como “covarde” e defendeu soluções negociadas para garantir a duplicação da rodovia sem prejudicar trabalhadores que há décadas sobrevivem do comércio às margens da estrada.

Deputado federal José Nelto (UB-GO) | Foto: Divulgação

Ao Jornal Opção, a Ecovias Araguaia, empresa responsável, informou que agiu, conforme o previsto no Contrato de Concessão (Edital nº 01/2021) e nas normativas da ANTT, é responsabilidade da Concessionária zelar pela faixa de domínio da rodovia. “Entre essas atribuições está a adoção de medidas para coibir qualquer uso indevido ou não autorizado do local, incluindo a notificação de responsáveis por ocupações irregulares e, quando necessário, a desocupação da área, em cumprimento às obrigações contratuais e à legislação vigente”, finalizou a nota.

A desapropriação das barracas às margens da BR-153, no município de Nova Glória, Goiás, tem gerado preocupação entre os comerciantes que há anos dependem da rodovia para garantir o sustento. Entre eles está Ivan, vendedor de panelas de barro, que há 17 anos mantém sua banca no local. Aos 66 anos, ele relata ao Jornal Opção, nesta segunda-feira, 29, o impacto direto da medida anunciada pela concessionária Ecovia.

Segundo Ivan, os comerciantes receberam um “decreto” para permanecer até determinada data que ele não soube apontar ao certo, mas logo depois foram informados de que as barracas fechadas seriam desapropriadas. “Eles falaram: ‘as barracas que estão sem ninguém, nós vamos tirar. Se vocês não tirarem, nós vamos tirar’. Aí os tirou, tudo bem. Os que não tiraram, eles vieram e tirou”, contou.

O vendedor teme que, caso a desapropriação se confirme, muitos trabalhadores fiquem sem alternativa. “Cada um vai caçar seu rumo, né? Vai vender na beira da pista, no carro… E nós queria que o prefeito desse um pedaço para nós, para nós construir e fazer o lugar certinho para o carro vir, encostar e nós ficar tudo apropriado. Mas ele tá dando corpo mole”, desabafou.

Ivan afirma que muitas pessoas dependem diretamente das vendas na BR-153. Para ele, a decisão da concessionária vai dificultar a vida de todos. “Isso vai, né? Vai prejudicar muita gente, porque é o ganha-pão”, disse.

Uma reunião entre representantes da concessionária e autoridades locais está prevista para o dia 12 de janeiro, mas há incerteza sobre a participação efetiva dos responsáveis. “O prefeito falou que eles não mandam representante. Desta vez, eles esperam que mande, né, com a intercessão de um deputado federal”, relatou Ivan.

Enquanto aguarda uma definição, o vendedor segue trabalhando na esperança de que haja uma solução que permita a continuidade das atividades. “Eu estou aqui há 17 anos. É daqui que eu tiro meu sustento”, concluiu.

Esperança

A duplicação da BR-153, no trecho que passa pelo município de Nova Glória, Goiás, trouxe esperança de melhorias na mobilidade, mas também preocupação para comerciantes que atuam às margens da rodovia. Entre eles está Gaspar Donizete Viana, de 60 anos, dono de uma lanchonete e restaurante há mais de sete anos no local. Ao Jornal Opção, ele afirma que teme que a desapropriação anunciada pela concessionária Ecovias comprometa não apenas o seu sustento, mas também o de dezenas de famílias que dependem diretamente e indiretamente do comércio instalado na região.

Gaspar Donizete Viana, de 60 anos | Foto: Acervo Pessoal

Gaspar afirma apoiar a duplicação da rodovia, reconhecendo a necessidade diante do intenso fluxo de veículos. No entanto, ressalta que os comerciantes precisam de alternativas concretas para não ficarem desamparados. “A gente como barraqueiro queria uma alternativa. Que o poder público municipal ou estadual se unisse para conseguir um local para a gente trabalhar de acordo com as normas da Ecovias. Porque, como o senhor viu, eu tenho 60 anos. Se eu sair daqui, para eu comprar uma área na beira da BR de um milhão, dois milhões, eu não tenho condição”, desabafou.

Restaurante e lanchonete do Gaspar Donizete | Foto; Acervo Pessoal

O comerciante destaca ainda o impacto social da medida. Em sua barraca, são 11 funcionários diretos, além de diversos fornecedores que dependem do negócio. “Fechar isso aqui atrapalha a vida de muita gente”, disse. Para ele, a falta de definição sobre prazos e indenizações gera insegurança. “A única coisa que eu queria era uma definição para a gente trabalhar mais tranquilo. Que a Ecovias definisse: ‘vocês vão ficar mais 3 ou 4 anos e a gente vai indenizar (ou não)’, ou que o poder público dê uma alternativa concreta para nós.”

Gaspar lembra que obras já foram realizadas na região, como a construção de uma ponte, e questiona a lógica da retirada imediata dos comerciantes. “Eu concordo que saia, mas vão me tirar daqui para quê? Para daqui a 4 ou 5 anos fazerem a ponte e depois de 6 anos duplicarem?”, indagou.

Comércio | Foto: Acervo Pessoal

Enquanto aguardam uma posição oficial da concessionária e das autoridades, comerciantes como Gaspar vivem a incerteza sobre o futuro de seus negócios e o sustento de suas famílias. O pedido é claro: que haja diálogo e soluções viáveis para que o desenvolvimento da rodovia não signifique o fim de histórias construídas às margens da BR-153.

Deputado José Nelto

Segundo Nelto, a concessionária utilizou uma ordem judicial para executar as remoções sem aviso prévio, derrubando barracas e deixando dezenas de famílias sem renda. “Ela foi lá e arrancou todos os barraqueiros até o final de semana. Deixou 100 trabalhadores sem trabalho, 20 pais de família desempregados. Fugiu do diálogo e partiu para a opressão”, afirmou.

O deputado disse que já levou o caso do Jardim Paulista à diretoria da ANTT e que houve sinalização para suspender novas ações até que se discuta um plano de realocação. “Ninguém quer prejudicar a duplicação. Queremos a obra, ela é necessária. Mas tem que negociar, dar prazo, construir uma saída”, disse.

José Nelto apresentou uma proposta inspirada em experiências de Santa Tereza de Goiás e Terezópolis de Goiás. A ideia é ampliar a área adiante, “encostado ao Jardim Paulista”, abrindo espaço entre 50 e 100 metros à frente, em ambos os lados da rodovia, para construir estruturas padronizadas e dignas. “Construir um espaço bonito, arrumado, dentro dos padrões, para dar dignidade aos proprietários, trabalhadores e clientes”, explicou.

Barracas às margens da BR 153 l Foto: Fabio Costa/Jornal Opção

O parlamentar informou que já marcou uma reunião de urgência para o dia 12 de janeiro, às 10h, com representantes da Ecovias do Araguaia, o prefeito de Nova Glória, vereadores e comerciantes envolvidos. “Vou acionar o Ministério dos Transportes, a ANTT e, se preciso, o Ministério Público. Eles não vão arrancar mais ninguém sem negociação”, garantiu.

Ele também disse que já conta com advogado preparado para provocar o Ministério Público e a Justiça, questionando a forma como as remoções foram conduzidas e cobrando ressarcimento dos prejuízos. “A empresa usou de má fé para arrancar de lá 15 barraqueiros, proprietários de barracas de comércio que estavam trabalhando há mais de 30 anos. Poderia ter mandado um aviso, uma intimação. Fugiu do diálogo e foi para a opressão”, disse.

A concessionária sustenta que as estruturas estavam em área irregular e que deveriam zelar pela faixa de domínio. Nelto reconhece a proteção legal, mas reforça que há espaço para soluções sociais e técnicas. “Aqui é irregular, nós sabemos quem é. Mas há 30 anos eles estão ali. Já têm direito adquirido. Você não pode chegar e tocar o cidadão, arrancar ele de lá do dia para a noite, deixar trabalhador desempregado. Eles poderiam ter intimado todo mundo, dado tempo para regularizar conforme leis municipais, estadual e federal, e negociar. Nada disso foi feito”, apontou.

O deputado lembrou que o contrato de concessão prevê a duplicação da BR-153 até 2030, indicando que ainda há tempo para organizar a transição sem atropelos. “A obra pode ficar por último. Primeiro avisa, negocia e dá prazo. Eles já poderiam ter feito isso para todo mundo que está nas margens irregularmente. Notificar as prefeituras, dar tempo para adequar. Esse é o trabalho que deveria ter sido feito”, afirmou.

Além de Jardim Paulista, José Nelto citou remoções e risco de novas ações em trechos próximos a Nova Glória e Rialma, incluindo bancas tradicionais de melancia. Ele defende avaliação caso a caso ao longo da BR-153 em Goiás. “Onde passa a BR-153 e há comércio, tem que ser avaliado e conversado. A obra tem prazo até 2030. Não pode atropelar trabalhadores que há décadas sustentam suas famílias ali”, explicou.

Para o deputado, o caminho é unir técnica, legalidade e sensibilidade social. “O diálogo prospera em tudo que é lugar. Existem saídas técnicas, legais e políticas. O que eles fizeram foi uma covardia. Não notificaram a prefeitura, não notificaram ninguém. Entraram direto na justiça, ganharam liminar e derrubaram tudo com trator. Não é assim que você trata as pessoas”, finalizou.

Prefeito de Nova Glória

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o prefeito de Nova Glória, Luiz Contador (UB), fez, nesta segunda-feira, 29, duras críticas à forma como a concessionária Ecovias tem conduzido a retirada de comerciantes instalados às margens da BR. Segundo ele, a medida ameaça diretamente a economia da cidade e pode deixar cerca de 100 pessoas sem sustento.

Prefeito de Nova Glória, Luiz Contador (UB) | Foto: TRE

“Na verdade, sim, o prejuízo para nós aqui é muito grande se aquelas barracas deixarem de existir naquele lugar. Só que assim, nós entendemos que a concessionária tem o direito de fazer a duplicação, e ali é um local estratégico, sabe? Um lugar de subida, dentro do nosso município, que a gente gostaria que tivesse mais informações para tentar realocar aquelas pequenas empresas num local onde possam continuar trabalhando, porque ali nós temos pelo menos uns 100 empregos”, afirmou.

O prefeito ressaltou que a economia local é frágil e depende da movimentação da rodovia. “Isso para nós aqui, a economia, é muita dificuldade, dá um baque muito grande. Gostaríamos de obter mais informações para dar um direcionamento, porque de repente, se puder realocar num local do município, nós faremos todo esforço necessário para mantê-los em funcionamento. Mas aí, por exemplo, vamos supor que eles passem lá um corrimão, uma coisa que impeça os carros de parar lá. Isso inviabiliza a continuação do comércio naquele lugar”, disse.

Segundo o Contador, os comerciantes estão apreensivos. “Na verdade, eles estão com muito medo, porque a Ecovias já passou avisando que tem que sair, mas não deu nenhum papel estabelecendo datas. E agora começaram a desmanchar algumas barracas que estavam fechadas, uma outra que tinha sido começada sem autorização. Então eles estão muito apreensivos, porque o único sustento deles é lá também, é muito complexo”, apontou.

O prefeito disse que já houve remoção de quatro barracas. “Tiraram já umas quatro, me parece. Mas são barracas fechadas, só uma que estava com algumas coisas, mas parece que não estava funcionando muito bem. Eles tiraram, tinham umas coisas dentro, parece que jogaram em outro lugar. Eu não vi, mas foi o que me disseram”, contou.

Para o gestor, falta diálogo. “O que está faltando é um diálogo para ver exatamente qual é o projeto, porque nós não sabemos ainda. Eles não nos passaram o projeto. A empresa tem um grande problema: se você vai numa das cabines deles, por exemplo, eles falam ‘não, você tem que ligar no 0800’. Você liga e ninguém atende. Então nunca teve alguém assim… eu acho que está faltando agendar uma reunião mesmo com todo mundo, com o poder público, para falar exatamente como vai acontecer. Porque nós temos áreas públicas do município próximas dali. A gente precisa se preparar para que esses comércios continuem. Temos que achar um caminho”, explicou.

O prefeito lamentou que nenhum representante da concessionária tenha procurado a prefeitura. “Não, nenhum. Eles tinham que, pelo menos, ter vindo aqui no prefeito ou na Câmara, marcado uma audiência pública. Eu acho que é o mínimo que deveriam ter feito já, porque estão deixando todo mundo muito apreensivo”, disse.

Ele também fez um levantamento sobre o impacto da medida. “Ali deve ter no mínimo umas 20 a 25 barracas. Comerciantes devem ter em torno de 100 pessoas afetadas diretamente, juntando comerciantes e famílias”, informou.

O prejuízo financeiro, segundo ele, é enorme. “Nós somos muito carentes de oferta de emprego. Essas pessoas, fatalmente, desembocaram depois, se ficarem desempregadas, procurando emprego na prefeitura, e não tem emprego para oferecer. Nosso município é plantado mais de 60% por cana e as usinas não estão aqui. Então não temos oferta de emprego quase nenhuma. Eles estarem lá é importante porque é um dinheiro que passa na BR, que é muito movimentada, e gera muitos recursos para eles. Acaba prejudicando demais a economia se chegarem a fechar. Não pode, temos que achar um caminho. Nossa ideia nunca foi deixar fechar, mas realocá-los num local que possa continuar com a atividade”, contou.

A indignação da população também foi destacada. “Demais. O pessoal fica muito apreensivo porque, como há uma dificuldade muito grande de oferta de empregos, não há muito para onde correr. As famílias acabam dependendo daquilo exclusivamente, vivem daquilo ali, muitas delas”, apontou.

O prefeito teme que os comerciantes tenham que deixar a cidade. “Com certeza. Se a gente não agir, pode ser que [os locais] tenham que mudar daqui, porque não tem oferta de emprego. Como é que vai fazer?”, questionou.

Ao final da entrevista, Contador fez um apelo. “Eu só queria pedir que a gente juntasse forças, energias, o máximo que pudesse, para sensibilizar a Ecovias de que nós somos parceiros da empresa e do desenvolvimento. Só que não podemos esquecer que o mais importante de qualquer desenvolvimento são as pessoas, e precisamos preservá-las. Jamais podemos tomar medidas como estão tomando, de forma arbitrária, sem aviso prévio, sem explicar. Do jeito que está sendo feito, está ficando muito ruim”, disse.

“Quem puder ajudar é bem-vindo. O deputado Zé Nelto tem nos ajudado bastante, conseguiu agendar reunião com representantes da Ecovias para ver se conseguimos chegar a um denominador comum. O que queremos é realocá-los em outro lugar próximo da BR para manterem os empregos e a clientela que já têm. Eles estão ali não é de agora, a maioria tem 10, 20 anos naquele lugar”, finalizou.

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