Morre Ruy Carlos Ostermann, uma lenda do jornalismo gaúcho e do país
Ruy Carlos Ostermann é como uma espécie de Estado no Rio Grande do Sul. O Estado Ostermann do Jornalismo. O profissional morreu na sexta-feira, 27, aos 90 anos, em decorrência de problemas gerados por pneumonia (sua filha diz que a dengue o derrubou). Estava internado desde maio.
Jogadores de futebol têm o hábito de chamar treinadores de “professor”. Porque, de fato, são mestres, que posicionam e reposicionam novos e velhos talentos — às vezes, arrancando mais deles.
Pois Ostermann era conhecido também como Professor — sim, com P maiúsculo. Porque aquilo que falava tinha relevância, era exemplar.
Ostermann começou no jornalismo como cronista na “Folha da Manhã” e na “Folha da Tarde”. Dois anos antes da ditadura — em 1962.
Em 1978, já cobiçado pelo mercado, migrou para a Rádio Gaúcha. Lá assumiu a chefia do Departamento de Esportes.
Ostermann, o mestre dos mestres, trabalhou no programa “Sala de Redação”. Por um tempo, o ancorou.
Por saber tudo de futebol — era uma enciclopédia, tipo Nilton Santos, só que sem jogar (exceto com as palavras, sempre certeiras e afiadas) —, Ostermann cobriu 13 copas do mundo. De 1966 a 2014. Dizem que até os técnicos e jogadores perguntavam: “O Ostermann chegou?”
Era, por assim dizer, um Galvão Bueno do Sul do país. Com a diferença que talvez entendesse mais de futebol e menos de sua espetacularização.
Ostermann enriqueceu a história do RS
O livro “Felipão — A Alma do Penta”, de 2022, é uma radiografia tanto de um técnico sisudo e marrento quanto de uma seleção vitoriosa. A que ganhou o penta.
Grêmio e Internacional são os dois times mais tradicionais do Sul e com amplo sucesso no país. Ostermann escreveu a respeito dos dois clubes, que figuram entre os melhores do país.
A formação intelectual de Ostermann era, digamos, do primeiro time. Formado em Filosofia — o Rio de Grande do Sul é uma espécie de Alemanha dos trópicos em termos de Filosofia —, deu aulas na Universidade Federal do RS.
Popular, Ostermann foi eleito duas vezes deputado estadual e foi secretário de Ciência, Tecnologia e Educação.
Costuma-se dizer assim: “O Rio Grande do Sul ficou mais pobre sem o jornalista esportivo Ruy Ostermann”.
Na verdade, não é bem assim. A morte é muito menor do que a vida. É um pedacinho da vida — o final. Então, o que fica é a história, altamente positiva, do profissional Ostermann, um grande nome do jornalismo e da vida.
Portanto, por Ostermann ter existido, o Rio Grande do Sul sempre será “rico”.
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