Operação Penalidade Máxima: três réus recebem penas de até 22 anos por fraudes em campeonatos nacionais
Três pessoas foram condenadas por manipularem resultados em partidas de futebol profissional após o esquema ser desmantelado pela Operação Penalidade Máxima. Para obter lucros em apostas esportivas on-line, os investigados fraudaram a ocorrência de cartões, pênaltis e até placares inteiros em doze partidas de campeonatos estaduais e das séries A e B do Campeonato Brasileiro, entre 2022 e 2023. A operação foi deflagrada em fevereiro de 2023 pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
Os envolvidos atuavam desde o financiamento e gerenciamento das apostas, aliciamento de jogadores, e na realização de pagamentos a atletas envolvidos nas fraudes, segundo as investigações. Ao Jornal Opção, o promotor de Justiça, Paulo Eduardo Penna Prado, disse que a manipulação não se limitava a eventos específicos — como cartões, pênaltis ou lances isolados — que poderiam até parecer fruto do acaso. Mais que isso, “os integrantes operavam em diferentes estados e mantinham comunicação restrita, o que dificultava a ligação direta entre os núcleos e exigia o uso combinado de interceptações, quebras de sigilo e análise detalhada de movimentações financeiras e dispositivos eletrônicos para comprovar o vínculo associativo”.
Existem outras ações penais em andamento com outros réus. Nesta decisão, foram condenados Bruno Lopez de Moura, Romário Hugo dos Santos e Thiago Chambó Andrade. As penas vão de 5 anos e 22 anos de reclusão e os três devem pagar, solidariamente, R$ 2 milhões por danos morais coletivos. Eles podem recorrer em liberdade, de acordo com a sentença, contanto que cumpram medidas cautelares, como não manter contato com outros denunciados e não sair do Brasil. O Jornal Opção não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta matéria. O espaço continua aberto para manifestação.
A sentença, que a primeira condenatória desta ação, foi publicada no último domingo, 3. Esta foi proferida pelo juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara Especializada em Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro.
Um dos condenados, Bruno Lopez de Moura, participou de acordo de colaboração premiada. Segundo o promotor, apesar de ter auxiliado na consolidação da narrativa, não foi determinante para desmascarar o núcleo central do esquema. “O juiz destacou que as provas essenciais, como diálogos interceptados, dados bancários e mensagens extraídas de telefones celulares, foram obtidas por diligências independentes”, disse. Como a colaboração não foi decisiva, a redução de pena foi significativamente menor do que poderia ter sido. Bruno foi condenado a 19 anos de reclusão e 130 dias-multa. A pena inicial era de 39 anos.
O ex-jogador Romário Hugo dos Santos, o “Romarinho”, apontado como financiador, cooptador de jogadores e operador financeiro do esquema, foi condenado a 22 anos e 10 meses de reclusão e 170 dias-multa. Já Thiago Chambó Andrade, apontado como o principal operador financeiro e um dos líderes intelectuais do esquema, foi condenado a 5 anos e 9 meses de reclusão, em regime semiaberto, além de 50 dias-multa.
Foi considerado que os três eram parte de uma organização criminosa.Conforme a sentença, a estrutura dela era bem definida com: liderança, intermediação e execução. Para identificar como cada um deles participava do crime, o MP-GO mapeou a atuação individual por meio de cruzamento de provas: interceptações telefônicas, quebras de sigilo bancário e telemático, conversas registradas em aplicativos de mensagens, relatórios financeiros e depoimentos. “A partir desses elementos, foi possível identificar quem financiava, quem intermediava o contato com atletas e quem efetuava pagamentos. Em muitos casos, o próprio conteúdo das conversas e a coincidência entre transferências bancárias e eventos ocorridos nas partidas serviram como prova direta da participação”, disse o promotor.
Foi constatado prejuízo aos clubes, plataformas, torcedores e apostadores de todo o País. Segundo o MP-GO, outras ações penais seguem em andamento e a Operação terá outras fases. Somente a quarta fase resultou na apresentação de cinco denúncias criminais, que envolvem 23 pessoas denunciadas por participação no esquema. Cinco são acusados de integrar organização criminosa; 16 denunciados respondem por corrupção ativa em âmbito esportivo; cinco por corrupção passiva em âmbito esportivo; e dois são acusados de lavagem de capitais.
Pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, as partidas citadas nas denúncias são:
- 26ª rodada: Avaí x Athlético-PR (11/09/2022);
- 32ª rodada: Avaí x Fluminense (16/10/2022) e Cuiabá x Ceará (16/10/2022);
- 34ª rodada: Cuiabá x Avaí (27/10/2022);
- 36ª rodada: Santos x Avaí (05/11/2022), Red Bull Bragantino x América-MG (05/11/2022), Goiás x Juventude (05/11/2022) e Palmeiras x Cuiabá (06/11/2022);
- 37ª rodada: Fluminense x Goiás (09/11/2022), Botafogo x Santos (10/11/2022) e Atlético-MG x Cuiabá (10/11/2022);
Pelo Campeonato Gaúcho de 2023:
- Esportivo Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/02/2023).
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) após investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).
Liea também:
O post Operação Penalidade Máxima: três réus recebem penas de até 22 anos por fraudes em campeonatos nacionais apareceu primeiro em Jornal Opção.