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A direita não foi condenada com Bolsonaro; pode se salvar se cortar a própria carne

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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu condenar Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses (24 anos e 9 meses em regime fechado) no julgamento da trama golpista. A Corte entendeu que Bolsonaro é culpado por todos os cinco dos quais era acusado: golpe de Estado; tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito; organização criminosa armada; dano qualificado contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

No Brasil, 24 anos e 9 meses em regime fechado não significam 24 anos e 9 meses em regime fechado. Lula teve sentença confirmada pelo STJ de 12 anos e 1 mês, mas cumpriu 580 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba até o STF decidir pela inconstitucionalidade da prisão. No caso de Lula, a mudança nos ventos políticos entre 2018 (quando foi preso) e 2019 (quando foi solto) foi radical: Bolsonaro assumiu com forte discurso anti-sistema. 

Os atropelos da Lava Jato abriram um precedente que pode ser explorado no futuro, no caso dos atos antidemocráticos. Hoje, a revisão dos processos e depoimentos da, a anulação de provas e sentenças de Sergio Moro — tudo isso gera uma sombra na condenação de Bolsonaro. “E quando os ventos políticos mudarem?”, inevitavelmente nos perguntamos.  

Alexandre de Moraes não é Sergio Moro, não cometeu os atropelos, não atuou em conluio com a parte acusadora, não parece ter pretensões políticas. Mas em sua atuação existe o germe da dúvida. Seu ex-assessor, Tagliaferro, o acusa de adulterar documentos (grandes alegações exigem grandes evidências, diria Carl Sagan); ele é simultaneamente vítima e juiz dos ataques ao STF; como no caso de Sergio Moro, há dúvida sobre a competência de sua esfera para julgar o ex-presidente. 

As dúvidas são ao mesmo tempo brechas e motivadoras da mudança dos ventos políticos. Eduardo Bolsonaro, sonhando em dar ao pai com destino semelhante ao de Lula, é incentivado a reforçar a pecha de parcial ao STF junto aos Estados Unidos. O governo Donald Trump já sinaliza que vai aplicar novas sanções aos membros da Corte. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, publicou no X: “As perseguições políticas pelo violador de direitos humanos e alvo de sanções Alexandre de Moraes continuam, enquanto ele e outros no Supremo Tribunal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos darão resposta à altura a essa caça às bruxas”. 

Mesmo tornado inelegível em 2023, Bolsonaro conseguiu deter seu capital político, decisivo para as eleições de boa parte dos municípios em 2024. Agora condenado (ainda sem trânsito em julgado), a questão é se Bolsonaro transferirá seu espólio eleitoral definitivamente a outro candidato ou se apenas o emprestará a um incumbente temporário encarregado de anistiá-lo. A pressão do ex-presidente, por óbvio, será pela segunda alternativa. A encruzilhada em que a direita se encontra é a de decidir se afundará junto com seu maior líder ou se tentará sobreviver com vida própria. 

Personalista, Jair Bolsonaro foi um líder popular e nocivo para a direita. Curiosamente Hugo-Chavista, Bolsonaro quis amparar seu poder apenas pela instituição das Forças Armadas — desde o início lutou contra o establishment do Congresso que “não o deixava governar” e contra o STF. A estratégia concentrou o patrimônio eleitoral em sua própria família (não foi estratégia, foi a paranoia que o impediu de confiar em Luciano Bivar, Joice Hasselmann, Carla Zambelli, Gustavo Bebianno, Delegado Waldir, Wilson Witzel, João Dória, Paulo Marinho, Major Olímpio e muitos outros traídos).

Tarcísio de Freitas (Republicanos) reverbera o tema radical que levou Bolsonaro à presidência em 2019, mas que também o levou à condenação em 2025. O eleitor brasileiro talvez esteja atento à tragédia bolsonarista e se afaste dos acenos ditatoriais. Afinal, não foi apenas o STF que decidiu a prisão do ex-presidente. A sociedade nutre por Bolsonaro um ressentimento punitivo desde que desdenhou dos mortos na pandemia de Covid-19 — sentimento intensificado pela tentativa de bloquear as urnas dos nordestinos com a PRF e por fim pela tentativa de impedir a posse do novo presidente eleito.

Talvez, um representante da direita que prometa a anistia mas não embarque no confronto com o STF e instituições possa herdar o eleitorado do ex-presidente. Umas espécie de bolsonarismo sem Bolsonaro; uma direita funcional e que não dependa do discurso de abolição da República. Esse ator, entretanto, seria viável apenas com a bênção de Jair e, conforme atestam os nove traídos citados acima, Bolsonaro não dá a bênção a quem tem vida própria. 

A encruzilhada em que a direita se encontra, por fim, passa por abandonar Bolsonaro e ficar apenas com os princípios e valores conservadores ou liberais ou anti-petistas. Mas os anos de personalismo transformaram “abandonar Bolsonaro” em “abandonar a direita”. 

A esquerda já esteve em encruzilhada semelhante. Mesmo quando todos sabiam que Lula não seria candidato em 2018, o PT se abraçou ao seu personalismo e lançou Haddad apenas como veículo das ideias lulistas de última hora. Ciro Gomes (PDT) até hoje não perdoa — poderia ter sido presidente, teve 12,47% dos votos, e era a melhor aposta contra Bolsonaro. 

Naquela data, a esquerda preferiu ser a pedra contra o governo de Bolsonaro do que ser a vidraça de um governante de centro-esquerda com vida própria. Novamente, não foi estratégia. Embora não seja paranoico, Lula parece ter um ego cuja sombra projetada é tão densa que não permite nascer grama. 

Em médio prazo, a escolha rendeu frutos: os ventos mudaram, Lula foi solto e eleito. A longo prazo, entretanto, a velha ideia ficou sem novos líderes que pudessem carregá-la. Ciro Gomes agora flerta com o moribundo PSDB, a presidência mais longe do que nunca. Lula já tem 79 anos. O que será do petismo quando Lula faltar?

Se a direita optar por ficar com Bolsonaro, pode ser que em médio prazo venha uma recompensa. Mas, a longo prazo, as velhas ideias precisam de novos líderes. Bolsonaro tem 70 anos de idade e, desde a facada, está mal de saúde. O que será do bolsonarismo quando Bolsonaro faltar?

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