Apesar do chamado ao boicote feito por políticos da direita e da extrema-direita nas redes sociais, as vendas de Havaianas seguem aquecidas em Campo Grande neste fim de ano. Impulsionadas pelas compras de Natal e Ano Novo, as unidades da marca registraram grande movimentação nesta quarta-feira (24), especialmente nos shoppings da Capital. A polêmica começou após a divulgação da campanha de fim de ano da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres. No comercial, ela afirma que “não quer que você comece 2026 com o pé direito”, expressão popularmente associada à sorte, e incentiva o público a iniciar o novo ano “com os dois pés”. A fala foi interpretada por políticos e influenciadores alinhados à direita como uma mensagem política implícita e provocativa. Nas redes sociais, apoiadores da direita acusaram a marca de misturar publicidade com ideologia política e passaram a defender a substituição das Havaianas por marcas concorrentes. A reportagem foi às ruas para saber se o movimento nas lojas da Capital refletiu, ou não, o discurso de boicote. Entretanto, em todos os pontos visitados, foram observados consumidores saindo com sacolas da marca e a típica movimentação de vendas de fim de ano. As unidades instaladas em shoppings concentravam o maior fluxo. No Shopping Campo Grande, a unidade da Havaianas registrava movimento intenso por volta das 11h30. A gerente da loja não concedeu entrevista por estar atendendo clientes, que saíam com várias sacolas nas mãos. No fim da manhã desta quarta-feira (24), no Shopping Norte Sul Plaza, havia grande fluxo de clientes. A loja chegou a fixar aviso informando que, devido à alta demanda, não estava realizando embrulhos para presente, apenas entregando a embalagem temática. Foi neste local que a reportagem ouviu consumidores. O contador José Alves, de 62 anos, comentou a polêmica em tom de brincadeira ao sair da loja com compras. “Procurei só o pé esquerdo, queria Havaianas só do pé esquerdo, mas não tem. Vou ter que encarar o direito”, disse, em tom de brincadeira. Em seguida, minimizou a controvérsia. “Nada a ver com propaganda. Isso aqui é praticamente uma identidade brasileira. Havaianas é coisa que todo mundo usa". A esposa dele, a empresária Márcia Regina, de 50 anos, afirmou que comprou o produto para presentear. “É ridículo a polêmica que criaram em cima disso. Eu comprei porque é presente e ainda pedi uma Havaiana para mim também”, contou. Funcionária da unidade do Norte Sul Plaza há oito meses, Mylena Estefani dos Santos, de 19 anos, disse que o aumento nas vendas está diretamente ligado ao período de festas, mas reconheceu que a campanha virou assunto entre os clientes. “Acho que o movimento é maior por causa do Natal, mas muita gente chega comentando, zoando mesmo”, relatou. Segundo ela, há clientes que afirmam ter ido à loja por causa do comercial. “Está vendendo mais de 20 mil por dia desde a semana passada”, afirmou, enquanto atendia mais de 20 pessoas simultaneamente. Na região central, a loja da Rua Marechal Rondon tinha movimento mais tranquilo, com apenas duas clientes por volta das 10h. Já na unidade da Avenida Afonso Pena, o fluxo era alto, com pelo menos cinco pessoas sendo atendidas simultaneamente por volta das 12h45. Nos locais, gerentes informaram que não estavam autorizados a falar sobre o tema devido à repercussão da campanha. Repercussão – Conforme noticiado anteriormente , a polêmica também chegou ao meio político em Mato Grosso do Sul. Seguindo o discurso de boicote, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) publicou vídeo jogando fora chinelos da marca. “Passei a minha vida inteira usando Havaianas, mas como não vou poder virar 2026 com o pé direito, aqui em casa vai para o lixo”, declarou, classificando a campanha como “o maior tiro no pé” da empresa. Já o deputado federal Marcos Pollon (PL) usou as redes sociais para indicar uma marca de chinelos local como alternativa ao boicote iniciado pela direita e extrema-direita nacional. A marca Pantaneira foi criada em 2023 e carrega a bandeira de Mato Grosso do Sul nas correias. “Sigam essa marca, o dono é patriota”, afirmou o parlamentar. Em sentido oposto, parlamentares da esquerda criticaram a mobilização. A deputada federal Camila Jara (PT) ironizou o boicote. “E a extrema-direita, que ficou sem pauta no Congresso Nacional, em um extremo ato de nacionalismo decidiu cancelar uma das maiores empresas brasileiras”, disse. “Vocês que defendem tanto o liberalismo e o posicionamento de marca, vamos começar a praticar mais isso”, completou. Já a deputada estadual Gleice Jane (PT) publicou foto usando Havaianas e disse que começará 2026 “com os dois pés na esquerda”. O deputado estadual Pedro Kemp (PT) também provocou adversários ao relacionar o uso do chinelo à polarização política. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .