Não deixe para o próximo ano o que deve fazer agora

A tensão em torno da preparação do Orçamento do Estado é não só comum como desejável numa democracia. E, no que agora está em discussão, as naturais diferenças sobre prioridades e soluções são pressionadas pela angústia da resposta sanitária, social e económica à pandemia, por um contexto político novo e em cujas diferenças em relação ao passado alguns dos partidos têm dificuldade em se situar e, ainda, e não menos importante, pela constatação de que o Governo não cumpriu compromissos chave de anteriores negociações orçamentais. Mas há uma quarta razão que torna esta preparação do Orçamento mais difícil e, em alguma medida, mais necessária e até fundamental. É só dela que quero tratar aqui. É que este é um tempo único e, provavelmente, irrepetível. Não se pode deixar para o próximo ano o que só se pode fazer agora