Os excluídos do século XXI
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Manter-se residente em grandes/médias cidades é, cada vez mais, correr o risco do desemprego
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Neste momento, um fenômeno que era regional e temporal começa a chamar a atenção de todos, uma vez que está presente em locais onde há pouco tempo era impensável sua existência: a população que vive nas ruas de nossas cidades.Continuar a oferecer políticas públicas assistencialistas criadas a partir de um retrato momentâneo e baseada em preconceitos que atribuem a fatores individuais (doença mental, consumo de drogas, falta de vontade de trabalhar etc) a condição em que vivem é continuar culpando os inocentes (os excluídos sociais) e a inocentar o verdadeiro responsável (o sistema socioeconômico que nos impõe essa forma de viver) https://youtu.be/3YJRNE2iz4o.Hoje, em maio de 2023, ao compararmos a população que vive nas ruas das cidades com a população total no Brasil, na União Européia e nos USA, temos o seguinte quadro.Sim, o Brasil tem menos população em situação de rua que os USA e a União Européia e as condições a que eles estão expostos são drásticas em todos os lugares.Ao nos depararmos com esses dados vemos que o tema da população de rua é bastante complexo, a ponto de sociedades com diferentes organizações socioeconômicas viverem o mesmo quadro de desalento.É bem verdade que a crise econômica gerada pela COVID 19 acentuou o quadro socioeconômico, mas, infelizmente, esse fenômeno veio para ficar, uma vez que a única forma do ocidente conter o crescimento econômico da China é baratear o custo de produção, uma vez que a China se utiliza de trabalho escravo fartamente em suas linhas de produção.A COVID 19 nos trouxe outro fenômeno que as empresas ultimamente têm tentado reverter sem sucesso: o trabalho a distância, viabilizando que profissionais de diferentes funções trabalhem em casa. Com isso, integrantes das classes média, média e alta estão migrando para condomínios de luxo situados nas periferias das grandes cidades, onde desfrutam de mais conforto, provocando alta taxa de vacância de imóveis nas grandes cidades de todo o planeta. De acordo com o último censo do IBGE, hoje o Brasil tem 11 milhões de casas e apartamentos vazios, o que, teoricamente, seria suficiente para acabar com o déficit de moradias em nosso país https://tinyurl.com/2s46z4rj.O resultado disso é a drástica redução de postos de trabalho nas grandes e médias cidades, seja no comércio, nas residências etc.Tarefas que nos países periféricos ainda são realizadas autonomamente por humanos como por exemplo motoristas de automóveis de aplicativos e / ou entregadores de encomendas vem sendo rapidamente realizadas por sistemas autônomos ou substituídos por robôs, reduzindo ainda mais a oferta de posto de trabalho nas cidades https://tinyurl.com/2p8dbwwf .Assim, manter-se residente em grandes / médias cidades é, cada vez mais, correr o risco do desemprego, principalmente para os que tem possibilidades reduzidas de desempenhar diferentes tarefas ou baixa qualificação profissional.Junte-se a esses grupos de pessoas os jovens (de todas as camadas socioculturais) que atualmente nem estudam e nem trabalham, os chamados NEM, um fenômeno mundial também extremamente expressivo. De acordo com o IBGE, em 2022 tínhamos no Brasil mais de 7 milhões de jovens NEM! https://tinyurl.com/2d3bzv9v.Os analfabetos e semianalfabetos digitais de hoje estarão completamente fora do convívio com a sociedade tecnológica daqui há poucos anos, ficando impossibilitados de produzirem bens de consumo e, portanto, de consumi-los.Essa população tem sido chamada por alguns intelectuais de direita de “excedentes”, dano a conotação de que são descartáveis.O que se especula, no momento, é que milhões de pessoas ficarão sem postos de trabalho em todo o planeta, a ponto de algumas das pessoas mais ricas do mundo (os fundadores da Amazon e da Apple, por exemplo), personalidades etc terem assinado um manifesto solicitando a interrupção imediata das pesquisas relativas ao desenvolvimento da inteligência artificial, com medo de perdermos o controle do processo como um todo.Pensar em políticas públicas de inclusão social a partir do “aqui e agora” já não é mais suficiente, embora, obviamente, tenhamos que atender as demandas atuais pois, como dizia Betinho, “quem tem fome tem pressa”.O retrato do quadro atual é somente um alerta para o que viveremos num futuro próximo se não desenvolvermos políticas públicas que promovam a inclusão social dessa gigantesca massa humana que tende a aumentar ano após ano: os excluídos digitais.Segundo o IPEA temos hoje (março/2023) em torno de 282 mil brasileiros (https://tinyurl.com/3k4773xs) morando nas ruas de nossas cidades.De acordo com o IBGE, em uma década, de 2012 a 2022, o crescimento da pop rua foi de 211%, uma expansão muito superior à da população brasileira no mesmo período de apenas 11%.Para você, atual integrante da classe média, que acha que esse é um tema que não lhe diz respeito, cuidado, nos últimos 2 anos cresceu em 175% o números de moradores nas ruas das grandes cidades brasileiras com nível superior!Ter a ilusão que vamos resolver a questão dos excluídos sociais que se concentram nas ruas das cidades de todo o mundo num passe de mágica é alimentar cada vez mais esse sistema perverso que tem como grande trunfo a desqualificação do ser humano, atribuindo-lhe a responsabilidade de ser quem é, como realçado anteriormente.Não podemos nos esquecer que vivemos num sistema capitalista selvagem, onde só existe o que dá lucro e a pop rua gera muita riqueza, como:reserva de mão de obra para o grande capital https://youtu.be/IdJSK1lr19s ;para as milícias das grandes cidades chantagearem comerciantes ao agruparem-nos em determinados locais reduzindo drasticamente a circulação de consumidores e, em seguida, vendendo “segurança” para retirá-los dali https://tinyurl.com/yehxs496 ;para instituições de fachada obterem recursos de agentes financiadoras nacionais e internacionais que deveriam ser aplicados na construção de programas dedicados a pop rua e que nunca acontecem (a ONU estima que só 30% dos recursos destinados a ações sociais chegam a sua atividade fim);como matéria prima do tráfico humano, de acordo com a ONU um dos 5 crimes mais lucrativos em curso na humanidade hoje;etc.A resposta a essa demanda social não pode passar pelo viés do amadorismo pensando que uma ação isolada irá solucioná-la. É necessário que seja implementada uma cesta de políticas públicas simples, cotidianas de efeito imediato.É possível fazer diferente, é possível viver diferente.O Brasil, dada a sua vasta extensão territorial e a sua imensa diversidade cultural, tem a oportunidade de atuar de forma pioneira lançando tecnologias sociais que atendam a demanda dessa imensa massa de seres humanos que está e ficará à margem da “sociedade tecnológica”.Mais uma vez podemos servir de exemplo para o mundo como aconteceu no passado recente quando o Brasil saiu do mapa da fome da ONU.Temos tudo o que precisamos, falta só a vontade política.
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Brasil 247
2023-07-25T21:33:47-03:00
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