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Август
2023

O capitão do mato e o abraço hétero

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A História sinaliza que é possível a outra classe social, desde que tenha consciência do seu papel e posição, de realizar mudanças

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“- Agradecendo mais uma vez então a presença de todas essas autoridades, e quem diria presidente Bolsonaro, a imprensa sempre dizendo que o senhor é homofóbico, racista, aqui filiando um negro meio viado” (Fernando Holiday)“- Mandar um abraço hétero para o Holiday aqui, né?” (Jair Bolsonaro).Um devoto do incivilizado me enviou um vídeo curtinho que retratava a filiação do vereador Fernando Holiday ao PL; não sei se o objetivo imediato do envio foi normalizar a estupidez, ser engraçadinho ou “demonstrar” que Bolsonaro não é nem racista, nem homofóbico. Não vale a pena debater se o incivilizado é ou não racista e homofóbico, pois, Bolsonaro se define por suas palavras e ações.Vou usar esse espaço para refletir sobre Fernando Holiday.Mas não custa registrar que o inelegível foi condenado recentemente a pagar 50 mil reais por danos morais à população negra; que numa fala sobre os quilombolas, que lhe rendeu outro processo por racismo, disse: “Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles" (palestra no Clube Hebraica, abril de 2017).Não podemos esquecer que o marido da dona Michele e pai da Laurinha, numa discussão com a deputada Maria do Rosário afirmou: “Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir” (discurso na Câmara, em 2003). E, ao tentar explicar a frase ele disse: "Ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”.O fato é que o Brasil foi presidido por uma pessoa sem educação, sem escrúpulos, sem cultura e sem empatia. Talvez Fernando Holiday tenha esquecido que Bolsonaro afirmou que: "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro ele muda o comportamento dele. Tá certo? Já ouvi de alguns aqui, olha, ainda bem que levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem” (na TV Câmara em novembro de 2010). Bolsonaro, um desprezível unterburger, afirmou: “Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso” (a um programa de TV, em 1999). E “O erro da ditadura foi torturar e não matar” (entrevista no rádio, em junho de 2016).Por isso tudo, como explicar Fernando Holiday? Por que um jovem, negro, pobre e da periferia pode reconhecer-se de direita e apoiar Bolsonaro? Eu gostaria de ter competência em muitas áreas do conhecimento, mas não tenho, portanto, compreender e explicar Holiday é uma tarefa que não é minha, contudo, ao assistir o vídeo lembrei imediatamente de uma figura repulsiva que existiu no país, os capitães-do-mato.O capitão-do-mato, uma das figuras mais conhecidas na repressão aos escravos no Brasil tinha como principal função “caçar gente”, principalmente escravos fugidos das fazendas e minas pertencentes a seus senhores. Geralmente eram escravos libertos que ganhavam a vida caçando os escravos e entregando a seus senhores, que, em troca, retribuíam em dinheiro a entrega. O ofício “capitão do mato” surgiu após a destruição do Quilombo do Palmares, em 1694. Com os capitães do mato, os senhores de engenho e as autoridades portuguesas pretendiam impedir fugas das fazendas e impor o medo nos escravos caso tivessem interesse em fugir de seus cativeiros. Em virtude de sua função, o capitão do mato era um personagem de muita importância para a garantia da estabilidade social na colônia. Sem ele, possivelmente as fugas de escravos teriam sido ainda maiores, o que impedia a continuidade de existência da escravidão no Brasil colonial e imperial. A existência do capitão do mato na história colonial e imperial mostra que a violência foi uma das características mais marcantes da formação da sociedade brasileira.Será Fernando Holiday uma espécie de capitão-do-mato? É possível vê-lo como tal, porque tudo que ele verbaliza tem caráter revisionista em relação à escravidão e os efeitos nefastos que ela causou e ainda causa. Faltará a ele consciência de classe ou é puro mau-caratismo? Não é possível afirmar, mas certamente o vereador paulistano não tem consciência de classe, ou seja, ele não tem a percepção do próprio papel no sistema produtivo, seja como produtor de riqueza, seja como proprietário dos meios de gerar riqueza. É verdade que essa percepção é construída ao longo do tempo por meio da luta cotidiana pela vida e pela sobrevivência e envolve reconhecer a própria condição econômica, identificar outros indivíduos na mesma situação, desenvolver uma gama de interesses em comum e organizar-se politicamente para viabilizar as demandas desse grupo. A História sinaliza que, assim com os comerciantes organizaram-se e substituíram a sociedade feudal por outro sistema econômico e de interação humana onde eles são os protagonistas, é possível a outra classe social, desde que tenha consciência do seu papel e posição, de realizar mudanças. Em não sendo mau-caráter, falta ao vereador paulistano consciência de classe, ou seja, ele não tem a percepção do próprio papel no sistema e acaba servindo a fortalecer um sistema preconceituoso e racista, aceitando um abraço claramente homofóbico. Essas são as reflexões.











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