De malandros e manés

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Os manés também acham normal que forças policiais invadam uma comunidade e chacinem vinte pessoas, ameaçando voltar para exterminar mais sessenta

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No Brasil, poucas são as coisas que ainda causam espanto, pois não há nada de novo sob o nosso sol tropical. E assim, seguimos atordoados ou, como dizia minha velha avó: “atarantados”, uma vez que “todo dia é um 7 x 1” e “ninguém tem um dia de paz” neste país. Todo dia, por exemplo, a mídia comercial se acha no direito de dizer quem o Presidente da República deve indicar para o STF, para o IBGE ou para qualquer outro órgão. Trata-se da mesma mídia que ajudou a ferrar a democracia brasileira, contribuindo para a eleição do energúmeno que todos sabem quem é. Ou seja, seus editoriais e jornalistas são tão confiáveis quanto uma nota de três reais.Em meio à enxurrada de denuncias e provas contra o falecido governo, que Deus o tenha num péssimo lugar, impropérios racistas e homofóbicos continuam sendo vociferados por “cidadãos e cidadãs de bem”, cuja baba verde e fétida do ódio escorre pelos cantos da boca toda vez que se deparam com o outro. Muitas dessas pessoas “cristãs”, que odeiam homens como o padre Júlio Lancellotti, por exemplo, não viram nenhum problema em doar dinheiro para um sujeito que, por pelo menos trinta anos, enriqueceu às custas do dinheiro público. Esses manés acreditam piamente que estão sendo “antissistema” quando, na verdade, estão apenas sendo os otários que sempre foram.Os manés não sabem ou fingem não saber, que entre suas doações de míseros reais, os malandros passaram a boiada de milhares, dificultando que sua origem seja identificada pelos órgãos de fiscalização. E foi assim que no montante de 17 milhões foram identificadas doações de peixes graúdos ao homem responsável pela morte de mais de 700 mil pessoas, por destruir a economia do país, queimar a Amazônia, exterminar indígenas, minar as relações internacionais e atentar contra o Estado Democrático de Direito. Essas vultosas “doações” falam por si, pois já imaginou se o “messias” resolve abrir o bico? Doações milionárias via Pix servem apenas para dar um verniz de moralidade àquilo que é imoral. Por baixo dos panos, os valores devem ser ainda mais assombrosos e não devem ser “pedidos” com carinha de dó, para comprar um pastel e um caldo de cana. Os manés também acham normal que forças policiais invadam uma comunidade e chacinem vinte pessoas, ameaçando voltar para exterminar mais sessenta. Como a educação não é libertadora, o sonho do mané é se tornar o malandro, mas não sabem eles que malandros detestam manés. Os malandros ficam extremamente satisfeitos, quando os ocupantes de suas “Veraneios vascaínas”, pagos pelo estado, torturam, trucidam e estripam pobres e pretos. Onde há chacina, o malandro vê “profissionalismo”. Onde se tem um assassino, tudo o que a mídia burguesa vê é um “moderado”. Enquanto isso, o mané chafurda na lama da ignorância e se afoga na própria estupidez.