'Forças Armadas não se engajaram num golpe, mas foram muito lenientes com Bolsonaro', diz Gilmar Mendes
img src="https://cdn.brasil247.com/pb-b247gcp/swp/jtjeq9/media/2023052421050_08ee93342cbac4195c158d4309ad5b7e898ae22ff2702f796fa41027241bcf95.jpg" width="610" height="380" hspace="5" /
Decano do Supremo sugere medidas para evitar a politização dos militares e das polícias: quem quer fazer carreira política que se licencie e saia. Sem poder voltar
br clear="all"
247 - Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes afirmou a Jamil Chade, do UOL, não acreditar que as Forças Armadas se “engajaram” numa tentativa de golpe de estado, mas acusa a instituição de ter sido “leniente” com Jair Bolsonaro (PL) e sua sanha autoritária. “Não acredito que as Forças Armadas tenham se engajado num projeto de golpe. Mas é notório que foram muito lenientes com Bolsonaro. Se não quisermos ver outros exemplos, baste ver esse assentamento de pessoas na frente dos quartéis. Imaginemos que o MST quisesse fazer um assentamento diante de um quartel”, comparou.O magistrado também defendeu “regras” para evitar o emprego de militares em funções civis nos governos. “Vimos um emprego despudorado de militares em funções civis. De novo, deveria ter regras para isso. Quais são as funções que poderiam ser exercidas e quais funções que, para servir, a pessoa precisa atuar como civil? No Ministério da Justiça, estruturas inteiras estavam militarizadas, o que leva a adivinhar que, num futuro governo Bolsonaro, poderíamos ter uma reprodução dessas repúblicas à la Venezuela”.Ele se posicionou a favor de uma revisão da Garantia da Lei e da Ordem e do artigo 142 da Constituição, que foi distorcido por bolsonaristas para embasar o falso papel de “poder moderador” das Forças Armadas. “Os elementos dessa tragédia continuam por aí”.O ministro ainda mencionou a necessidade de garantir a despolitização das forças policiais. “Passamos a ter essa balbúrdia. Capitães e outros que se tornam candidatos. Muitos deles, não eleitos, voltam para a PM. Isso cria uma politização que não deveria haver e resulta no que vimos aqui. (...) Sugiro que fosse definido medidas de inelegibilidade. Quem quer fazer carreira política, sair do Exército ou do Ministério Público, que se licencie e saia. Sem poder voltar. Isso seria fundamental e seria uma resposta para essa possibilidade de politização. Tivemos governadores que enfrentaram greves de polícias, e esses líderes de greves viram, depois, políticos ou candidatos, com os riscos que podemos adivinhar”.