"Ampliação trará mais peso e mais visibilidade ao BRICS no cenário mundial", diz Mauro Vieira
247 - Nesta quinta-feira (24), o BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou, no último dia da XV Cúpula do grupo realizada na cidade sul-africana de Joanesburgo, a lista dos novos países que se tornarão membros plenos do bloco a partir de 1º de janeiro de 2024.Esses países são Argentina, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia. Com eles, o bloco passará a ter 11 Estados membros."A expansão do bloco vem sendo discutida há pouco mais de um ano e os cinco países membros originais estavam convencidos de que seria importante ter uma representação maior dos países em desenvolvimento, para somar a esse grupo, que já é muito importante e significativo, para agregar peso com a participação desses países e de economias emergentes de outros continentes", afirmou o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em entrevista à RT.Com a adição desses novos países, o bloco representará 37% do produto interno bruto (PIB) global e 46% da população do planeta, além de se equiparar ao G7 em paridade de poder de compra. O ministro considera que isso está definitivamente caminhando para uma ordem multipolar. “Tenho certeza de que esta ampliação do grupo trará mais peso e mais visibilidade aos BRICS no cenário mundial”, frisou.O chanceler explicou qual foi o critério para escolher os novos membros entre os vinte países que aspiravam fazer parte da expansão do bloco. "Um dos critérios que foi levado em conta foi justamente o do equilíbrio regional. Não poderíamos esperar que o bloco se expandisse apenas numa das regiões do mundo", detalhou, enquanto observava que essa posição foi defendida por vários países, o que explica por que os novos membros são de diferentes regiões.A esse respeito, ele mencionou que, por isso, desde o início, o Brasil defendeu a entrada da Argentina, que considera um país importante na América Latina, muito próximo ao Brasil e também membro do Mercado Comum do Sul (Mercosul). "Ambos defendemos os mesmos interesses", acrescentou.Sobre essa adesão em particular, ele comentou que o peso do Brasil foi muito importante para a decisão. "Defendemos desde o primeiro momento que a Argentina estivesse presente no futuro dos BRICS, tomando decisões que também seriam importantes para a nossa região", manifestou.Quanto aos demais países que também buscam se juntar ao BRICS, Vieira indicou que "sua inclusão será examinada em futuras reuniões".Na declaração final da XV Cúpula do BRICS, um dos temas aprovados foi a busca por uma reforma dos mecanismos de governança global dos sistemas multilaterais. Referindo-se a isso, ele destacou que o presidente Lula (PT) sempre defendeu a reforma da governança global, não apenas nas organizações políticas, mas em todo o sistema de Bretton Woods, que inclui o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).Por exemplo, o Brasil há mais de 30 anos defende a modernização do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), com um aumento de seus membros permanentes e não permanentes. De acordo com Vieira, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS desafia o BM e o FMI. "Ele tem no próprio nome aquela marca que é nova e diferente”, disse. "Isto contribuirá para o início da reforma dos órgãos de Bretton Woods, sem dúvida”, acrescentou.Por outro lado, no final deste ano, o Brasil assumirá a presidência do G20 pela primeira vez. A esse respeito, Vieira comentou que Lula pretende usar essa plataforma “exatamente para chamar a atenção do mundo para questões que afligem muitos países, ou quase todos os países".