Brasil está entre os países com maior proporção de jovens que estão fora da escola e sem trabalhar, diz OCDE
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Relatório da OCDE aponta Brasil como o segundo país com mais jovens sem ocupação ou estudo, gerando preocupações sobre o futuro do país.
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247 — Um recente relatório divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar em um preocupante ranking de 37 países quando se trata da proporção de jovens que não estão estudando e tampouco trabalhando. Apenas a África do Sul supera o Brasil nessa triste estatística. A pesquisa da OCDE lança luz sobre uma realidade alarmante: uma parcela significativa da juventude brasileira encontra-se em uma situação de limbo, sem acesso à educação e oportunidades de emprego. Para muitos, a escolha de sair da escola não é voluntária, mas sim uma imposição social decorrente de desafios econômicos e pessoais.Kailane Moreira Franco, uma estudante, compartilha seu dilema: "Vinte anos é só o começo para quem se prepara para entrar na faculdade. Eu ficava entre biologia, medicina veterinária. Meus pais sempre deram oportunidade de eu ter um tempo para pensar e a carreira que eu escolher, eles estariam me apoiando". No entanto, para outros jovens como Marisa Costa Alves, uma dona de casa que cuida de dois filhos, a falta de oportunidades e apoio dificulta o acesso à educação e ao mercado de trabalho. Ela lamenta: "De 2020 para cá, nunca mais estudei, não tive oportunidade, né? Porque engravidei dele, aí depois veio ela. Não teve como estudar. Eu tinha um sonho de ser ou delegada ou advogada”.Os especialistas preferem usar o termo "sem-sem" em vez de "nem-nem" para descrever essa situação, enfatizando que a escolha de não estudar ou a falta de emprego não são decisões tomadas livremente pelos jovens, mas sim consequências de desafios sistêmicos. Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da USP, afirma: "É uma tragédia macro, microeconômica. A gente vive mais e nós estamos produzindo cada vez menos jovens. E uma parte grande desses jovens que a gente tem vai ser incapaz de sustentar os idosos”.O Brasil parece dividido em dois quando se trata desse problema. Nas regiões mais pobres, onde a maioria da população reside, a proporção de jovens que não estudam nem trabalham é muito alta, enquanto nas áreas mais ricas do país, essa proporção é consideravelmente menor, perpetuando a desigualdade. Economistas e sociólogos alertam para a necessidade urgente de abordar essa fase de transição para o mercado de trabalho. Eles defendem a transformação do ensino médio em um ensino profissionalizante para proporcionar aos jovens uma ocupação assim que concluírem a educação básica.