Мы в Telegram
Добавить новость
smi24.net
Brasil247.com
Сентябрь
2023

Por quem os sinos dobram

0

img src="https://cdn.brasil247.com/pb-b247gcp/swp/jtjeq9/media/20190517090516_146afb6a751b37c7a541d88a69f0383bff729f0800dd9d2fb09e268537e64f27.jpeg" width="610" height="380" hspace="5" /

A esquerda que navega por águas mais profundas da teoria política e compreende a luta de classes como a pauta primordial não é ingênua

br clear="all"

“Claro que há luta de classes, e é a minha classe, a dos ricos, que está lutando, e estamos vencendo”, Warren Buffett, bilionário americano.

Começar um texto político com uma citação de um dos maiores expoentes da burguesia, não me parece nada impertinente quando o mesmo parece ter mais consciência política do que boa parte da esquerda pós-moderna que abandonou princípios elementares da filosofia desenvolvida para a libertação da humanidade, qual seja, o marxismo.Hoje essa esquerda identitária quer lutar por uma mulher preta para uma vaga no STF. O que é ser uma mulher preta no Brasil? Em primeiro lugar depende de sua classe social, em segundo lugar depende a qual classe ela serve.Há mulheres pretas que votaram em Bolsonaro. Há homens brancos que votaram em Lula. Karl Marx, Engels, Lênin, Fidel Castro, Ernesto Che Guevara foram todos homens brancos. Caso pudéssemos indicar algum desses homens brancos para um cargo no STF, os escolheríamos ou preferiríamos uma mulher preta e bolsonarista?A esquerda identitária tem óbvios problemas teóricos, mas não é e nem deve ser tratada como inimiga. Gregório Duvivier não é nosso inimigo por tentar colocar em seu programa uma pauta que ele acredita e tem o legítimo direito de ter essa convicção alinhada com a esquerda identitária.A esquerda que navega por águas mais profundas da teoria política e compreende a luta de classes como a pauta primordial não é ingênua. Todos desse campo sabem que a maior parte das mulheres pretas votaram em Lula e é triplamente explorada na sociedade capitalista de classes: como trabalhadora, como mulher e como preta.Assim é o mecanismo de funcionamento do sistema capitalista o qual Marx chamou de “um museu de toda a exploração da humanidade que ganhou vida e faz dele seu uso”. Aqui a ordem dos fatores faz toda a diferença. É preciso lutarmos unidos contra o sistema de exploração capitalista para que o gênero humano seja libertado.Alguém quer um exemplo vivo disso? Que tal Cuba? Lá foi superada as diferenças raciais. Ou esqueceremos da recepção dos médicos cubanos aqui no Brasil - pelos médicos brasileiros - que acharam que as médicas pareciam “empregadas domésticas” por serem em sua maioria pretas? Aliás Cuba é o país com mais mulheres representadas no parlamento, mais de 50%… e Cuba é socialista.Precisamos lutar a luta de classes porque é essa a luta que a classe dominante se dedica. Caso não lutemos, continuaremos sendo esmagados pela classe dominante. Faz parte da estratégia da burguesia que estejamos divididos. Pois divididos somos mais fracos e unidos somos mais fortes.A indicação de Zanin pode ser alvo de críticas, mas é indiscutível o valor simbólico de sua indicação e nomeação para valorar nossa vitória pela libertação de Lula. Valeu à pena? Muitos estão céticos. O tempo e as circunstâncias históricas revelarão quem será Zanin. Afinal, quem apostaria que o maior algoz de Bolsonaro seria justamente Alexandre de Moraes, indicado pelo golpista Temer?Fosse eu, não teria escolhido Zanin. Por que? Porque ele não é do campo da esquerda e está longe de entender os prolegômenos básicos do marxismo. Eu escolheria, obviamente, um jurista marxista. Alguém que conhece o sistema e está disposto a combater, com a classe trabalhadora, o mundo da barbárie burguesa.Lula já indicou o primeiro homem preto para o STF, que criminalizou todas as lideranças do PT no episódio do mensalão. Lula também indicou a primeira mulher para o STF, que lhe negou um habeas corpus e o colocou na cadeia por mais de 500 dias, abrindo as portas para a eleição de Bolsonaro. Lula também colocou um social-democrata no STF, ex membro de seu partido, que lhe negou velar o corpo de seu irmão enquanto estava preso…Todas essas indicações tiveram valor simbólico no ato de sua nomeação. E qual foi o custo de se pautar pela esquerda identitária? Todos sabemos. Barbosa, Carmen Lúcia, Toffoli foram cooptados pelo golpismo e pariram o fascismo das entranhas de um inferno que, renascido, se recusa a voltar de onde surgiu.Bolsonaro indicou dois ministros do STF de “notório saber do fascismo”. Indicou corretamente no seu campo da extrema-direita. Esses nunca irão votar com a classe trabalhadora. Lula tem três desafios: não cair na pressão da esquerda identitária, não indicar um homem ou mulher que pensa no bem do sistema vigente e vencer a resistência de um Senado conservador.No fim Lula indicará não necessariamente quem ele quer, mas quem ele pode indicar. Não tenho dúvidas de que talvez ele desejasse indicar uma jurista preta. Mas o Senado iria aprovar? Tenho esperança que ele indique o ministro Flávio Dino. Aqui, seria um escândalo mundial sua rejeição pelo Senado. Pois se trata de um ex-juiz e atual Ministro da Justiça. E o melhor: ele é marxista.Tenho esperança, por fim, que a esquerda não se quebre e não se desuna por questões de pluralidade. Por isso termino o texto com uma adaptação do poema de John Donne, “Por quem os sinos dobram”:“Nenhum de nós somos uma ilha, completa em si mesma; cada um de nós somos um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, ficaremos menor, como se tivéssemos perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio. A divisão de qualquer um de nós diminui a todos, porque na humanidade nos encontramos envolvidos; por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por cada um de nós.”











СМИ24.net — правдивые новости, непрерывно 24/7 на русском языке с ежеминутным обновлением *