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Сентябрь
2023

Carlos Walter, presente! Hoje e sempre!

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Carlos, que lutava contra um câncer no abdômen havia alguns anos, morreu em sua casa. Uma perda enorme

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Ontem (6.set.2023), por volta das 23h, se foi o geógrafo Carlos Walter Porto-Gonçalves. Carlos, que lutava contra um câncer no abdômen havia alguns anos, morreu em sua casa.Uma perda enorme.Seguramente, Carlos Walter figura entre os maiores geógrafos brasileiros, ao lado de Josué de Castro (1908-1973), Therezinha de Castro (1930-2000), Milton Santos (1926-2001) e Berta Becker (1930-2013). Ainda assim, isso seria pouco para seu epitáfio porque Carlos Walter foi, a um só fôlego, um intelectual de gigantesca estatura, um analista arguto, um militante incansável, um provocador contumaz e uma pessoa carinhosa e solidária.Carlos já discutia ecologia nos anos 70, sempre fazendo questão de se distinguir da visão praticamente hegemônica do ambientalismo daquela época, fortemente influenciado pelo neomalhusianismo do Clube de Roma. Era um amante da latinidade: da valorização e do resgate da cultura, da história, da resistência e das territorialidades dos povos da América Latina. Além disso, não descuidava de como todos esses temas se relacionavam com a configuração espacial do capitalismo global.Tudo isso está sintetizado em A globalização da natureza e natureza da globalização (Civilização Brasileira, 2006), livro no qual Carlos registrou por escrito o que ele vivia nos falando em sala: a globalização não começa nos anos 70; não existiria eurocentrismo sem a dominação e a subjugação colonial da América Latina; a cada nova fase, o capitalismo exige mais do meio ambiente. Em suma, a partir do materialismo histórico, Carlos Walter analisou cinco séculos da relação entre o capitalismo e a natureza, nos contou a crônica de uma catástrofe ambiental anunciada.Não sei dizer quando o conheci. Antes de ser meu professor e meu amigo, Carlos Walter já era amigo da minha mãe, do meu (ex-)padrasto e do meu pai. Pode ser que tenhamos nos conhecido fortuitamente numa de suas muitas idas ao Puro Simples, loja que minha mãe e meu (ex-)padrasto tiveram em Santa Teresa e da qual ele era frequentador assíduo. Pode ter sido de outra forma igualmente fortuita, afinal, eu e sua filha Bia nos conhecemos desde a adolescência e lembro de algumas festas na casa deles.Porém, marcante mesmo foi quando iniciei o curso de Geografia na UFF. A primeira aula de segundas-feiras era Sociedade e natureza, justamente com Carlos Walter. E logo de saída ele buscou mostrar que há uma falsa polêmica entre socialismo e ambientalismo e disse que “se, por um lado, um sistema que se baseia na exploração entre os seres humanos não tem como ser ambientalmente sustentável, por outro, um sistema que degrada o meio ambiente como o capitalismo faz não tem como ser socialmente justo”.A capacidade dele fazia todos rasgarem seda sem cerimônia. Como foi o caso do professor Ivaldo Lima, seu colega no Depto. de Geografia da UFF, que certa vez na aula de Geografia Política, querendo exaltar alguém que não era conhecido pela nossa turma disse que o fulano “é brilhante! Dessas pessoas assim, que nem o Carlos Walter, que consegue chegar para dar uma palestra de improviso sobre qualquer coisa minimamente ligada à sua área de pesquisa”.É verdade, também, que ter aula com um medalhão desses tem alguns dessabores. Uma vez, Carlos Walter não foi dar aula porque fora convidado para ministrar a aula magna em, se não me engano, Quito.Voltando à minha relação com ele, por questões de saúde, tive que trancar a faculdade. Quando retornei, estava à beira de ser jubilado. Ou apresentava meu Trabalho de Conclusão de Curso, ou perdia a matrícula. Por um lado, tudo o que havia estudado me levava a fazer uma análise geopolítica sobre a América Latina, ou seja, para o Carlos. Por outro, eu precisava de alguém que se dispusesse a me ajudar, porque era disso que eu precisava, de ajuda.Carlos me ouviu: ouviu meu drama pessoal e meu projeto de pesquisa. “Pode contar comigo. Vamos resolver isso juntos”. E de fato resolvemos.Infelizmente, depois daquele dia nos vimos e nos falamos muito pouco, em parte, porque ele era avesso às novas tecnologias, se recusava a ter zap, vejam vocês. As duas últimas vezes que nos vimos foram em momentos muito importantes na história do Brasil, quando ambos estávamos fazendo o que a militância nos exigia.A penúltima vez que vi Carlos Walter foi no #EleNão (out.2018).Em 8 de março de 2019, durante o ato do Dia Internacional das Mulheres, nos esbarramos na esquina da Alfândega com Rio Branco. Me abriu um enorme sorriso. Estávamos deslumbrados com a multidão. Conversamos brevemente. Ele perguntou sobre as novidades e sobre a família. Eu, eterno aluno, só queria ouvir suas impressões sobre a conjuntura...Desde que fiquei sabendo da notícia de sua morte, tenho oscilado entre a tristeza por sua perda e felicidade pelo privilégio que tive de ter sido seu aluno e orientando.Carlos Walter, presente! Hoje e sempre!Flavia Martins, Carlos Walter, Juliana Rodrigues e Mateus Mendes

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2023-09-07T16:24:58-03:00

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