Golpista, racista e supremacista?
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Não estou dizendo que o cartunista é fascista, mas o seu desenho contém elementos dessa natureza
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Ver na página 2 do CORREIO o desenho do cartunista George no domingo 10 de setembro de 2023, foi deprimente e nauseante, pois contém censuráveis mensagens subliminares de viés golpista, racista e supremacista.Explico.O desenho contém o número 142, referência evidente ao artigo 142 da constituição, cantado em prosa e verso pelos golpistas e pelos incautos, como instrumento de perpetração de um Golpe de Estado que manteria um incivilizado no poder, mesmo ele tendo perdido as eleições, o que é crime, é violência contra a ordem constitucional, conspiração contra o Estado Democrático, tem gente presa por conta disso.É inadmissível o conteúdo do desenho, pois quem tem o mínimo de cultura política sabe que na democracia tudo é tolerável, menos a intolerância e todos que pediram “intervenção militar”, através de criminosa interpretação do artigo 142 da CF, são criminosos.Me refiro objetivamente àqueles que passaram quatro anos desqualificando o STF e seus ministros; gente que têm paixão histérica por alguém que saiu do exército sem honras e que não tem apreço pela democracia, nem pela ordem constitucional.Os intolerantes fecharam estradas após a vitória de Lula; ocuparam a frente de quartéis; em transe cantavam o hino nacional para pneus e rezaram para muros; incendiaram carros, ônibus e fizeram arruaça em Brasília em 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula; pretendiam explodir uma bomba no aeroporto de Brasília na véspera de Natal, para justificar um decreto de “Garantia da Lei e da Ordem” – GLO, fechar o TSE e prender Alexandre de Moraes, mas a PF impediu a tragédia.E, para coroar essa mixórdia antidemocrática e cafona, incautos ou criminosos, financiados por gente má - que a CPMI já identificou -, marcharam para a Praça dos Três Poderes, onde desfilaram e destilaram todo seu ódio e barbárie.Quem apoiou o golpe, dando interpretação safada ao artigo 142 da CF, não tem o meu respeito, pois isso quase aniquilou a democracia no país.E não venham me dizer que o desenho do cartunista representa “direito à liberdade de expressão”, não se trata disso, trata-se de propaganda subliminar do golpe e desqualificar as instituições, abusando da natureza democrática do jornal.Mas o cartonista não parou pôr ai.Há o desenho de um tanque de guerra cujo canhão brochou, sugerindo covardia ou desinteresse das forças armadas em dar o golpe; o desenho reforça a narrativa dos golpistas de que as Forças Armadas “traíram” a pátria, quando, na realidade, foi o alto comando, que não sofre do mau-caratismo dos golpistas civis ou militares que impediu o golpe ao lado do STF.No “ingênuo” desenho é possível ver também uma bandeira dos estados confederados. A bandeira dos Estados Confederados foi usada pelos estados do sul dos EUA que defendiam a manutenção da escravidão e que, atualmente, é usada por grupos racistas e supremacistas brancos.Sim, o CORREIO POPULAR, o único jornal de Campinas publicou um desenho onde há uma bandeira que representa os grupos racistas e supremacistas brancos.Não dá para tolerar mensagens subliminares como a do desenho do cartunista George, pois ele banaliza e multiplica o mal e valores fascistas; não estou dizendo que o cartunista é fascista, mas o seu desenho contém elementos dessa natureza.Ser de direita, de esquerda ou de centro é um direito de cada um de nós, reflete a nossa percepção do mundo que vivemos e do mundo que desejamos, contudo, as mensagens subliminares que o desenho contém são é inimigas mortais da democracia.Estamos diante do chamado “paradoxo da tolerância”, tratado pela doutrina desde os anos 1930. Segundo ele a ilimitada tolerância das democracias à ignorância, intolerância, agressividade, à violência verbal e física e à indisciplina podem acabar com a democracia. Karl Popper, um liberal, tratou dos paradoxos da liberdade e da democracia. Para ele o chamado “paradoxo da liberdade” ocorre quando a liberdade, no sentido de ausência de qualquer controle restritivo, leva à maior restrição, pois torna os violentos livres para escravizarem os não violentos.Não é desarrazoado dizer que “tolerância ilimitada” pode ter como resultado a destruição da democracia. Como assim? A democracia tem como fundamento básico o respeito à diferença de ideias, ao pluralismo político, à liberdade de expressão e são esses elementos que partidos autocráticos se valem para chegar ao poder e destruir o regime democrático por dentro, como fez Hitler.Não pode existir na quadra da Política pessoas que como incivilizado, diga, as seguintes frases: "Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso." (1999); "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele”. (2010); "Não empregaria mulheres com o mesmo salário (...) tem muita mulher que é competente" (2016); "Trabalhadores tem que escolher entre ter direitos ou emprego" (2018); “O grande erro foi torturar e não matar” (2008); “Os gays não são semideuses. A maioria é fruto do consumo de drogas” (2014); “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff” (2016); “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre” (2018); e em 2011 disse que seus filhos “não correm risco de namorar negras ou virar gays porque foram muito bem-educados”.E esse ser inominável foi presidente do Brasil porque tolerou-se a sua incivilidade por tempo demais, a ponto de ele ser, presumivelmente, o organizador e incentivador de uma tentativa de golpe de Estado, aparentemente apoiado pelo desenhista George, por isso sugiro, no mínimo, um pedido de desculpas do desenhista, tanto para CORREIO, quanto para os leitores.Para a democracia para sobreviver, é imprescindível que se criem mecanismos legais a fim de restringir a liberdade de grupos ou atores políticos que, por meio de ideias totalitárias ou intolerantes, ameacem a própria democracia, mesmo que através de propaganda subliminar, como a contida no desenho que propõe a ruptura democrática, o racismo e de ideais supremacistas.Essas são as reflexões.