Golpe no Chile “foi das coisas mais monstruosas que a ditadura militar brasileira fez”, diz Emir Sader
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Em entrevista à TV 247, Emir Sader expõe a participação do Brasil e dos Estados Unidos no golpe que mudou a história chilena
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247 - O cientista político Emir Sader, em entrevista à TV 247, trouxe à tona detalhes sobre a participação do Brasil no golpe militar que abalou o Chile há 50 anos. Sader destacou a articulação direta entre os governos de Henry Kissinger e Richard Nixon para conter o avanço de Salvador Allende e a trágica colaboração da ditadura militar brasileira nesse episódio sombrio da história latino-americana. “Foi das coisas mais monstruosas que a ditadura militar brasileira fez”, lamentou.Segundo Sader, a embaixada brasileira no Chile se tornou um centro de operações para agentes brasileiros, que circulavam livremente pelo país vizinho, influenciando eventos cruciais. "Essa participação, essa articulação, essa ação concreta para o golpe no Chile, na verdade, os policiais brasileiros circulavam pelo Chile. Amplamente, a embaixada brasileira era a casa deles. Ninguém do Brasil se exilou na embaixada brasileira, porque era o território deles. Eles circulavam para lá e para cá e usavam ali como espaço de informação e de difusão de propaganda, de divulgação. E o Brasil era a grande referência. O Brasil era alternativa à tentativa de construção de governo socialista, como o de Allende. Então isso é bom destacar muito", destacou.O cientista político também abordou as complexidades políticas da época, explicando a visão radical de alguns setores da esquerda e a tensão entre os diferentes caminhos que poderiam ter sido tomados para enfrentar as pressões golpistas. Ele ressaltou a importância das advertências de Fidel Castro e a análise crítica da viabilidade do governo de Allende diante da falta de apoio militar. "Eu também tinha a perspectiva de achar que aquela via não tinha muito futuro, até porque a experiência da revolução cubana apontava para papel determinante da força militar e era aquilo que o olhe evidentemente não tinha."Sader ainda compartilhou um episódio dramático envolvendo a chegada de caixões ao porto de Valparaíso, que continham armamento soviético destinado a apoiar o governo de Allende. No entanto, uma parte significativa desse armamento acabou nas mãos dos organismos repressivos após o golpe militar.Além de revisitar esse capítulo sombrio da história, Sader também abordou a trajetória política atual do Chile, destacando a importância da luta por uma Assembleia Constituinte para romper definitivamente com a herança do regime de Pinochet. Ele compartilhou suas impressões sobre o atual presidente Gabriel Boric, ressaltando o impacto que sua liderança teve na recente onda de manifestações.Assista: