Dutra revela intervenção do ex-comandante do Exército pedindo a retirada da PM de acampamento golpista

Em depoimento à CPMI, Dutra contou que recebeu ligação do general Freire Gomes no dia 29/12 ordenando à PM parar a desmobilização do acampamento bolsonarista
247 - O general Gustavo Henrique Dutra, prestou depoimento nesta quinta-feira (14) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Durante seu testemunho, ele revelou que recebeu uma ligação do então comandante do Exército, general Freire Gomes, no dia 29 de dezembro, com a determinação de que a Polícia Militar (PM) interrompesse a desmobilização do acampamento bolsonarista, montado após as eleições de 2022, para evitar confrontos às vésperas da posse presidencial, destaca o G1.O general Dutra, que ocupava o cargo de chefe do Comando Militar do Planalto (CMP) durante os ataques de 8 de janeiro, era responsável pelo Quartel General do Exército em Brasília, onde estavam localizados os acampamentos golpistas. Durante seu depoimento, ele esclareceu os eventos que ocorreram nos dias que antecederam a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).O general destacou que o comandante do Exército, general Freire Gomes, estava acompanhando a situação e percebeu que o clima na Praça dos Cristais, onde o acampamento estava situado, havia se tornado tenso. O general Gomes, então, fez a ligação para Dutra, solicitando que a PM fosse retirada da operação e que esta continuasse exclusivamente sob o controle do Exército, como originalmente planejado.A atuação do Exército durante os eventos de 8 de janeiro foi alvo de críticas devido ao tempo necessário para desmobilizar o grupo de manifestantes, que incluía parte dos indivíduos que posteriormente atacaram as sedes dos três poderes. O Exército estabeleceu um cordão de isolamento que impediu a chegada da Polícia Militar ao local.O general Dutra esclareceu que a ligação do comandante do Exército ocorreu três dias antes da posse de Lula, quando o movimento na Praça dos Cristais aumentou significativamente. Na semana entre o Natal e o Ano Novo, o acampamento tinha uma média de 300 a 400 pessoas por dia, mas em 29 de dezembro, esse número aumentou para mil manifestantes.Ele também enfatizou que a ordem recebida não tinha relação com o artigo 142 da Constituição Federal, frequentemente invocado por manifestantes que pediam intervenção militar. O objetivo era preservar a normalidade da posse presidencial, evitando confrontos às vésperas do evento.