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Brasil247.com
Ноябрь
2023

Não é sobre ideologia, é sobre ética

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Sejamos cordatos, é impossível a uma pessoa ética, considerar que Bolsonaro seja alternativa para alguma coisa
É comum que amigos e conhecidos próximos digam que tenho divergências ideológicas com Bolsonaro.Evidentemente estamos em campos distintos no que diz respeito ao espectro ideológico, ele de extrema-direita e paquerando o fascismo e eu, com toda a minha desimportância, à esquerda, contudo, o mal-estar que o sujeito que ocupou a presidência por quatro longuíssimos anos me causa decorre de razões éticas.Explico.Ética diz respeito aos limites para a ação humana e à identificação, num conjunto de possibilidades, das que são corretas, estou falando das coisas práticas da vida. É a ética que submete meios e fins ao crivo do aceitável e todo o comportamento de Jair Bolsonaro não passa pelo meu crivo ético. Bolsonaro apoiou a ditadura no Brasil e é saudoso dela; disse, pelo menos uma vez, que ao invés de torturar a ditadura deveria ter matado "uns 30 mil"; afirmou que apoia a tortura; elogiou mais de uma vez o ditador pedófilo Alfredo Stroessner, cuja ditadura matou 459 pessoas, desapareceram outras tantas, 18.722 foram torturadas e 19.862 foram presas, de acordo com a Comissão da Verdade do país; elogiou o ditador Pinochet, que matou mais de 3 mil chilenos e torturou milhares de prisioneiros e forçou 200 mil chilenos ao exílio.Essas razões bastam para o Inominável não me servir, nem às pessoas éticas, mas estranhamente pessoas boas seguem defendendo o pior presidente da história do país.Faltaria ética aos seus apoiadores?Não cabe a mim julgar, contudo, acredito que a ética, quaisquer que sejam os adjetivos que se lhe agreguem, está sempre referida ao reconhecimento de limites às possibilidades. Noutras palavras, “...a ideia de que o possível não se autolegitima pertence à essência do agir ético, que pertence às entranhas do próprio ato de filosofar. Nesse sentido, ética é limite.”, como escreveu Bianca Antunes Cortes, Doutora e Pesquisadora Adjunta da Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).A ética está originariamente ligada à noção da possibilidade de se definir. O campo da ética se entende então como a esfera das causas do agir humano, das forças determinantes dos cursos desse agir.E, sem qualquer dúvida, ao capitão, que foi tocado do exército, falta limites, falta ética, tanto que, ainda deputado, teve a cara-de-pau de, na tribuna da câmara dos deputados, defender as milicias e os milicianos.As milicias são grupos de marginais que, valendo-se da ausência do Estado, geralmente em comunidades periféricas, transformam os moradores em reféns da sua proteção, pela qual cobram.A milicia funciona na base da oferta/venda de segurança e de serviços no lugar do Estado ou de empresas privadas, de modo que a região, comunidade ou favela se torne dependente da milícia e, basicamente, quem não paga, não está seguro, podendo até ser morto como um recado aos demais moradores que tenham oposição a essa dinâmica. Se em uma época a milícia era querida pela população, hoje a visão já é diferente. Essas vivências foram retratadas no filme Tropa de Elite, inspirado na baixada fluminense e em favelas da Zone Oeste do Rio de Janeiro.A milicia e os milicianos são, segundo o Bolsonaro e seus filhos, dignos de confiança e de homenagens. Tanto é verdade que Flávio Bolsonaro, o “01”, concedeu uma medalha a um miliciano envolvido no assassinato da vereadora Mariela Franco; seus filhos e ele empregaram em seus gabinetes milicianos e parentes desses.Sejamos cordatos, é impossível a uma pessoa ética, considerar que Bolsonaro seja alternativa para alguma coisa.Lembremos que Bolsonaro, o corrupto, manteve por mais de vinte (20) anos uma empregada doméstica cuidando de sua casa de praia paga como dinheiro público (a famosa Val do Açaí); ele, racista que é, disse que seus filhos não namorariam negras "porque foram bem-educados".Seria possivel listar ideológicas e discordâncias na condução da economia, mas a figura abjeta de Bolsonaro sequer passa pelo meu crivo ético.Dispenso a convivência com quem: apoia ditaduras, ditadores; faz apologia da tortura e a apoia; ou deseja a morte de pessoas apenas porque elas pensam diferente.É comum ouvirmos que as palavras de um líder, refletem no comportamento dos liderados; se isso for verdade Bolsonaro é um líder incendiário e mau, pois, como escreveu Roberto Bartholo é Professor Titular da UFRJ, citado Bianca Antunes Cortes: “[nossa] simples existência nos chama à responsabilidade”.O inominável revelou-se um líder carismático, representa a extrema-direita - que estava escondidinha - e deu voz a um exército de imbecis, intoxicados pelo neopentecostalíssimo – especialmente pela Teologia da Prosperidade -, e pela lógica ultraliberal que há quatro décadas despeja ideologia na cabeça das pessoas, travestindo-a de “visão técnica”.Senti que precisava escrever isso e deixar claro que -, a minha divergência é ética.Ademais, não tenho certeza se o bolsonarismo é uma ideologia ou criação de Mary Shelley, uma colagem de discursos que vão desde a hipócrita pauta de costumes do neopentecostalismo, passando pela lógica destruidora de vidas do ultraliberalismo e com o desejo indisfarçado de descredibilizar toda a institucionalidade para implantar um regime autocrático.Pergunto, sem instituições, boas ou ruins, o que nos restaria além da barbárie e de um governo autoritário?É isso.










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