Globo propõe que Brasil repense relação com Irã após operação do Mossad em conjunto com a PF

Polêmica operação da Polícia Federal desbaratou uma suposta trama de terroristas no Brasil que teriam sido cooptados pelo Hezbollah
247 - O jornal O Globo publicou nesta sexta-feira (10) editorial em que defende que o Brasil "repense" suas relações com o Irã após uma ação da Polícia Federal em parceria com o Mossad, serviço de inteligência de Israel, desbaratar uma suposta trama terrorista de brasileiros que teriam sido cooptados pelo grupo Hezbollah, que controla o sul do Líbano. É do Irã que "emanam financiamento e armamento tanto para o Hezbollah quanto para o Hamas", aponta o periódico.O editorial elogia as equipes de inteligência brasileira: "a diligência dos federais diante desse tipo de ameaça tem sido exemplar", mas pondera que "no campo diplomático, a ação do governo merece mais atenção". "A tradição de neutralidade do Brasil em relação aos conflitos no Oriente Médio é frequentemente usada como argumento para alegar que estamos protegidos de atentados. Infelizmente, a lógica dos terroristas costuma ser outra, como demonstram os fatos desta semana. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria aproveitar a oportunidade para refletir mais detidamente a respeito do Irã", diz o texto. >>> Ações da embaixada israelense e conluio do Mossad com a PF danificam a soberania nacionalA operação da PF em conjunto com o Mossad foi, no mínimo, polêmica. As críticas e desconfianças em relação à ação levaram o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), a se pronunciar para garantir que não há possibilidade de interferência externa na corporação: "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal". Mesmo com o posicionamento do ministro, pairam dúvidas sobre uma possível infiltração do Mossad na Polícia Federal."Está evidente que Israel quer arrastar o Brasil para a sua guerra genocida contra os palestinos ou neutralizar a diplomacia brasileira. Dizer que tal conluio não tem conotação política é o mesmo que afirmar que a entrega de Alcântara nada tinha a ver com os interesses do governo Trump, ou que a Open Society tem o objetivo de fortalecer a democracia e o progressismo nos países em que se relaciona e financia projetos de governos e de organizações não governamentais", afirma o jornalista José Reinaldo Carvalho, editor internacional do Brasil 247, em artigo publicado nesta sexta-feira (10).