Brasil se beneficiará da paz entre Armênia e Azerbaijão, diz embaixador

O embaixador do Azerbaijão, Rashad Novruz, defendeu uma abordagem de paz centrada na reintegração e reconciliação da população de Karabakh
247 - Em uma recepção realizada na Embaixada do Azerbaijão em Brasília, marcando o 3º aniversário do "Dia da Vitória", o Embaixador Rashad Novruz abordou a importância das relações pacíficas entre Armênia e Azerbaijão, destacando os benefícios potenciais para o Brasil. O encontro contou com a presença de autoridades brasileiras e discutiu os avanços recentes e os desafios no caminho para a paz na região.Novruz recordou um momento significativo na história da diplomacia brasileira, relacionado ao conflito: “Quando o Brasil presidiu o Conselho de Segurança da ONU em outubro de 1993, a Armênia estava avançando sua ocupação contra o Azerbaijão. Então, uma resolução urgente sob a presidência do Brasil foi adotada por unanimidade e pediu a cessação imediata da agressão e o deslocamento forçado de civis de Karabakh e regiões vizinhas. Mas a lei internacional e a justiça foram esquecidas. Até hoje, as negociações foram consideradas estagnadas, mas agora surge uma nova esperança de retomá-las.”O embaixador enfatizou os benefícios que a paz entre as duas nações traria para o Brasil, afirmando: “O Brasil se beneficiará da paz na região entre Armênia e Azerbaijão. Isso abrirá novas oportunidades para comércio e cooperação.”Além disso, Novruz defendeu uma abordagem de paz centrada na reintegração e reconciliação da população de Karabakh, ressaltando a importância de respeitar a ordem constitucional e rejeitar o separatismo e a interferência de terceiros. Ele criticou políticos armênios que negam a possibilidade de de integração dos armênios no Azerbaijão, afirmando que tais posturas só inflamam tensões.“Os políticos da Armênia devem parar de ‘jogar lenha na fogueira’ ao afirmarem a impossibilidade de integração dos armênios no Azerbaijão”, instou.Novruz relembrou que, no passado, muitos casais inter-raciais viviam em paz, evidenciando a possibilidade de convivência harmoniosa, que deve ser o objetivo do processo de paz.O embaixador foi enfático ao abordar a necessidade de evitar que a política interna e a geopolítica prejudiquem o processo de paz: “A paz não deve ser sequestrada por causa de ambições políticas internas. Da mesma forma, a agenda da paz não deve ser sabotada por causa da hipérbole geopolítica de alguns países que deveriam abordar sua própria história de colonialismo, imperialismo, racismo e genocídios”.No contexto mais amplo, o conflito entre Armênia e Azerbaijão teve um novo capítulo em 2020, quando o Azerbaijão lançou um programa estatal para Nagorno-Karabakh e áreas vizinhas denominado Grande Retorno, priorizando-o até 2030. A guerra de 44 dias no final de 2020 resultou na reconquista pelo Azerbaijão da maioria dos territórios que reivindicava na região de Karabakh.Em setembro de 2023, o Azerbaijão assumiu o controle de Nagorno-Karabakh numa ofensiva relâmpago, causando o êxodo de quase todos os residentes locais para a Armênia. Mais de 100,000 pessoas da população armênia estimada em 120,000 habitantes deixaram a região. As autoridades de Nagorno-Karabakh declararam que o estado não reconhecido deixaria de existir em 1 de janeiro de 2024.O conflito teve um custo humano significativo: mais de 200 pessoas morreram e pelo menos 42 desapareceram durante a intervenção militar em Nagorno-Karabakh, e mais de 300 ficaram feridas, segundo o Comitê de Investigação Armênio. A Armênia tem expressado preocupações com a preservação da herança cultural armênia na região.As negociações para um acordo de paz, mediadas pela Rússia, União Europeia e Estados Unidos, começaram em 2022. Tanto o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, quanto o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, expressaram esperança de que um tratado de paz possa ser assinado até o final deste ano, marcando um novo capítulo nas relações entre os dois países.