O Oriente Médio (só ele?) em chamas
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O anjo da morte trabalha cada vez mais só, com o apoio dos armamentos norte-americanos e a anuência de uma Europa em estado de catatonia, afundada em crises.
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Como diria Bertold Brecht, a cadela da guerra entrou no cio. Quando isso acontece, nada parece satisfazê-la, nem os cadáveres que se acumulam uns sobre os outros, ameaçando transbordar e convidar à morte em todas as partes do planeta. Cidadãos respeitáveis gritam por vingança. Bandidos e assassinos, vestidos a caráter e armados até os dentes, disparam às cegas sem distinguir civis, porque todos lhes são oponentes. Esta é a história dos grandes conflitos nos quais amigos e inimigos deixam de existir, ficando apenas aliados e... os outros. No caso, os palestinos, sob a chuva dos bombardeios muito mais poderosos de Israel, enquanto este, sem freios, deseja mais, quer exterminar, numa limpeza étnica, os demais habitantes de seus territórios. E ainda têm a audácia de chamá-los de nazistas, eles, no momento, sim, os seguidores das doutrinas do apartheid e do extermínio físico dos palestinos. Enquanto isso, como os tambores trovejam na terra redonda, não há como não escutar os gritos de dor e a irracionalidade dos argumentos dos que ferem e atacam. No Brasil, o embaixador de Israel, o sr. Daniel Zohar Zonshine, tomado do mesmo espírito de arrogância de seus comandantes, esqueceu-se de que constituíamos exemplos de bom relacionamento e armou uma sessão na Câmara com Jair Bolsonaro e Cia. Não parou para pensar (ou pensou exatamente isso?) que feria as normas da boa disposição entre governos. Assumiu a postura do delinquente duro, como denunciam os observadores com as cores da opressão. Mesmo sem ser de fato alguém, cresceu na linha do despropósito, como se pretendesse dizer: - Ei! Estou aqui. Sou, realmente, Eu!A guerra produz, sem dúvida, efeitos semelhantes. Reduz a visão e diminui a inteligência.Em paralelo, viemos a saber, contada pela imprensa, que o Mossad do Primeiro Ministro Benjamin Natanyahu nos enviara informações sobre achados terroristas da parte do Irã em atuação no Brasil. Verdadeira piada. Que interesse esconderia o país dos aiatolás em prejudicar o convívio amistoso que há tempos conservamos com eles? Flávio Dino, o nosso Ministro da Justiça, atuou para expressar peremptoriamente a nossa não admissão de interferências de estados estrangeiros em questões relativas à autoridade nacional. E não se referia a Teerã. Como se nota, os tambores da guerra rebombam lá e reverberam aqui, puxando-nos para a desinteligência. No próprio Oriente Médio, no meio das vítimas, corações solidários despertam para a indignação. O anjo da morte trabalha cada vez mais só, com o apoio dos armamentos norte-americanos (até quando?) e a anuência de uma Europa em estado de catatonia, afundada em crises. A Turquia (membro da Otan) já declarou sair da neutralidade, assim como Argélia, Líbia, Iraque, Iêmen, Irã, Jordânia, Rússia e China (estas últimas na diplomacia e na ONU). Anunciam-se embates longos, sem solução. Biden corre o risco de perder as eleições. E o mundo, como se vê, se arrisca a implodir. Atenção! Atenção! Falta alguma coisa? Sim, a Ucrânia. No concurso de crueldades, Zelenski vai destruindo o seu país, agora com menos empenho, uma vez que o resto dos testemunhos já não consegue olhar para ele. Em toda parte, manifestações populares ocupam as ruas e dizem não. Que se respeite a VIDA, basta de atrocidades!* Ronaldo Lima Lins é escritor e Professor Emérito da Faculdade de Letras da UFRJ.