"O Brasil tem direito à memória sobre as atrocidades da ditadura", diz Nilmário Miranda
247 – No último sábado, a jornalista Hildegard Angel recebeu o ex-deputado Nilmário Miranda para mais uma edição de suas entrevistas semanais na TV 247. A conversa ocorreu em um estúdio peculiarmente decorado com anjos, em uma residência que data do século XIX e, segundo conta Hildegard, foi outrora as cavalariças da Marquesa de Santos.A atmosfera da entrevista se torna ainda mais especial ao explorar o local onde Hildegard passou grande parte de sua vida, testemunhando seu filho dar os primeiros passos e colher frutas diretamente do pé. Neste ambiente singular, a jornalista e o ex-deputado federal Nilmário Miranda mergulharam em uma narrativa densa e carregada de significado.Nilmário Miranda, quatro vezes deputado federal por Minas Gerais, é reconhecido por seu papel na luta pela justiça e verdade em relação aos mortos e desaparecidos durante o regime militar brasileiro de 1964 a 1985. Em sua primeira eleição, lutou para desarquivar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria casos de desaparecimentos, assassinatos e torturas.Durante a entrevista, Miranda compartilhou sua experiência pessoal, destacando as torturas que sofreu nas mãos do temido delegado Sérgio Paranhos Fleury, em São Paulo. O ex-deputado também abordou a importância de manter viva a memória desses eventos e agradecendo a Hildegard por iluminar essa parte sombria da história brasileira.Um dos pontos centrais da conversa foi a busca por respostas sobre o paradeiro dos desaparecidos políticos. Nilmário mencionou a Casa da Morte em Petrópolis, um local ligado a segredos guardados pela ditadura militar. Ele enfatizou a necessidade de preservar a memória desses locais e de tombar monumentos associados a eles, como forma de reconhecimento e respeito às vítimas.O deputado também abordou o papel das comissões de anistia e dos familiares na busca por verdade e justiça. Destacou a importância de contar a verdade sobre os anos de chumbo não apenas para revisitar o passado, mas principalmente para evitar que tais atrocidades se repitam no futuro.Além disso, Nilmário Miranda falou sobre o desafio de preservar a memória histórica, especialmente diante de mudanças no cenário político. Ele enfatizou a relevância de políticas públicas, como a criação de monumentos e inclusão desses temas nos currículos escolares, para garantir que as futuras gerações tenham acesso à verdadeira história do Brasil.Ao longo da entrevista, a jornalista e o ex-deputado transitaram por temas sensíveis e cruciais, como a Casa da Morte, a resistência nos presídios e o trabalho da Comissão dos Mortos e Desaparecidos. Nilmário compartilhou seu empenho na escrita do livro que detalha casos individualmente, uma tarefa que exigiu anos de dedicação.A conversa tocou em diversos pontos, desde a resistência nos centros de tortura até a importância de contar a verdade sobre o passado para construir um futuro mais justo e humano. Nilmário Miranda expressou sua gratidão por Hildegard Angel e outros cidadãos engajados, destacando que, sem a luz de suas lanternas, a história do Brasil teria permanecido na escuridão.Encerrando a entrevista, Hildegard Angel e Nilmário Miranda convergiram na ideia de que, além de resgatar a memória, é essencial garantir que as atrocidades do passado não se repitam. Ambos reforçaram a importância de manter viva a chama da verdade e da justiça, para que as futuras gerações possam herdar um país livre de opressão e tortura. Assista: