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Ноябрь
2023

Pratos vazios em um continente rico

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América Latina e Caribe sofrem mais fome que antes do Covid-19 Por Sergio Ferrari - As coisas não estão indo bem no mundo, e a América Latina e o Caribe não são exceção: a fome está atingindo ainda mais do que antes da pandemia. As desigualdades persistentes na região têm um impacto significativo na insegurança alimentar entre os mais vulneráveis. Mais de 42 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe sofrem de fome. Isso representa 6,5% de sua população total, de 662 milhões. Nessa região, o otimismo não transborda, já que, hoje, a fome é maior do que na fase pré-Covid 19. Com o agravante de que 248 milhões sofrem de insegurança alimentar e uma em cada cinco pessoas deixa de consumir uma alimentação verdadeiramente equilibrada e saudável. Hoje, globalmente, quase uma em cada dez pessoas sofre de fome. Essa constatação é preocupante: embora tenham sido feitos alguns progressos entre 2021 e 2022 no continente na redução da fome e da insegurança alimentar, esses avanços estão longe das metas do Objetivo número 2 de Desenvolvimento Sustentável para 2030: eliminá-la definitivamente. Essa é a conclusão do relatório América Latina e Caribe - Panorama Regional da Segurança Alimentar e Nutricional-2023, elaborado por várias agências das Nações Unidas: FAO (alimentação e agricultura), UNICEF (crianças), FIDA (desenvolvimento agrícola), OPAS/OMS (saúde) e o Programa Mundial de Alimentos, e publicado na primeira semana de novembro (https://www.fao.org/documents/card/es/c/cc8514es). A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) teve um papel central na elaboração desse relatório e o seu chamado "indicador de prevalência de subnutrição" (ou seja, termómetro da fome) é derivado de dados nacionais sobre a oferta e o consumo de alimentos, bem como as necessidades energéticas da população, levando em consideração idade, sexo e níveis de atividade física. Esse indicador foi elaborado para identificar um estado crônico de privação de energia, ou seja, sem considerar os efeitos efêmeros das crises temporárias. Entre 2021 e 2022, na América do Sul, o número de pessoas com fome diminuiu em 3,5 milhões. No entanto, o número de pessoas subnutridas aumentou em 6 milhões em comparação com a cifra pré-pandemia. Em 2022, mais de 9 milhões de pessoas passaram fome na América Central. Enquanto isso, no Caribe, 7,2 milhões sofreram essa realidade extrema. Foram 700 mil a mais do que em 2021 e o Haiti registrou a maior incidência. Quase um em cada dois haitianos sofre hoje com esse flagelo. Insegurança alimentar O relatório da ONU aponta que a insegurança alimentar – moderada e grave – na região foi muito maior do que a estimativa média global, que abrange 29,6% de sua população total. De fato, em 2022, 37,5% dos habitantes da América Latina e do Caribe foram afetados por essa condição. Em números absolutos, 248 milhões de pessoas foram obrigadas a reduzir a qualidade ou a quantidade de seus alimentos (insegurança alimentar moderada) e, no caso mais extremo, ficaram vários dias sem comer, colocando sua saúde e bem-estar em sério risco (insegurança alimentar grave). Em 2022, na América do Sul, 36,4% de sua população sofreu dessa condição. Na Mesoamérica, 34,5%, e no Caribe, 60,6%. Por outro lado, a insegurança alimentar em qualquer uma de suas duas expressões continua afetando mais as mulheres do que os homens e afeta 8% mais nas áreas rurais do que nas urbanas. A dieta saudável mais cara do mundo A América Latina e o Caribe são a região do mundo onde a alimentação saudável custa mais do que qualquer outra no planeta. Entre 2020 e 2021, o custo de uma dieta saudável nessa região aumentou 5,3% devido à inflação de alimentos impulsionada por lockdowns pandêmicos, interrupções na cadeia global de suprimentos e a escassez de recursos humanos. Foram mais de 133 milhões de pessoas que não tinham condições de comprar uma alimentação saudável – um aumento de mais de 11 milhões em relação a 2020. O indicador de uma dieta saudável é basicamente o preço de compra dos alimentos mais baratos e disponíveis localmente necessários para cobrir 2.330 calorias por dia. Atualmente, a mesma dieta custa em média US$ 4,08 por pessoa por dia na região. Tecnicamente identificado como Paridade do Poder de Compra (PPC), o custo da dieta na América Latina e no Caribe está bem acima do PPC global de US$ 3,66. É seguido pela Ásia (US$ 3,90 PPC); África $3,57 PPC); América do Norte e Europa (US$ 3,22 PPC) e, finalmente, Oceania (US$ 3,20 PPC). Perspectivas incertas O relatório observa que a região enfrenta um cenário complexo devido a uma série de crises sucessivas: a pandemia de Covid-19, as desigualdades persistentes, os níveis de pobreza, a crise climática e os efeitos do conflito Rússia-Ucrânia. Fatores que contribuíram para o aumento dos preços dos alimentos e da inflação dos alimentos e, consequentemente, ameaçaram o funcionamento, a eficiência e a resiliência dos sistemas agroalimentares. Nesse contexto, conclui o relatório que a fome e a desnutrição continuam entre os principais desafios para a região, e nem a América Latina nem o Caribe estão no caminho certo para alcançar as metas propostas pela Assembleia Mundial da Saúde em relação à fome, à insegurança alimentar e à desnutrição. "A América Latina e o Caribe", aponta o relatório, "enfrentam um problema complexo de desnutrição que engloba tanto a desnutrição (baixa estatura, perda de peso infantil e deficiências de vitaminas e minerais) quanto o sobrepeso e a obesidade". Prova disso é o aumento do sobrepeso que a região experimentou entre 2000 e 2022 em crianças menores de 5 anos, bem como a obesidade entre adultos, de 2000 a 2016. Ambas as tendências excedem as taxas médias globais, e vários países ainda têm um nível muito alto de baixa estatura em crianças com menos de 5 anos de idade. De acordo com as Nações Unidas, a capacidade da região como produtora de alimentos é e continuará sendo um pilar essencial, inclusive para contribuir com a segurança alimentar global. Por essa razão, é necessário melhorar o acesso a alimentos nutritivos e reduzir o fosso entre os países, com especial incidência nos grupos mais vulneráveis. Conclui que, no contexto atual, é imperativo avançar para a transformação dos sistemas agroalimentares em coordenação com o fortalecimento dos sistemas de saúde e de proteção social, e com ações integrais abrangentes e abordagens sistêmicas e multissetoriais. Especificamente, "é crucial priorizar o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis que promovam a nutrição, dinamizem os mercados e o comércio agroalimentar, regulem a promoção e a publicidade de alimentos e promovam o desenvolvimento de ambientes alimentares saudáveis". Inúmeras instituições e agências regionais uniram forças para alcançar a segurança alimentar e uma melhor nutrição. O Relatório destaca o trabalho conjunto de várias agências especializadas que estão acompanhando o que foi proposto pela Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas; o processo de atualização do Plano de Segurança Alimentar e Nutricional e Erradicação da Fome 2024-2030 da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC; https://celacinternational.org/), e o trabalho da Frente Parlamentar Contra a Fome na América Latina e no Caribe (http://parlamentarioscontraelhambre.org/), entre outros.Apesar dos números preocupantes, as sugestões do relatório dessas agências das Nações Unidas flutuam na superficialidade, permanecem em generalidades e não correm o risco de incorporar a reflexão e as propostas alternativas dos principais movimentos camponeses do continente. Por ocasião do Dia Internacional do Trabalho, celebrado em outubro passado, a Via Campesina – a maior organização rural do mundo com presença na América Latina e no Caribe – apresentou seu próprio diagnóstico da situação alimentar mundial (https://viacampesina.org/es/frente-a-las-crisis-globales-construimos-soberania-alimentaria-para-asegurarle-un-futuro-a-la-humanidad-llamado-a-la-accion-global-16oct23/). "Estamos vivendo um cenário de monopolização generalizada de todos os elos dos sistemas alimentares", diz a organização. E explica: "Monopolizam a nossa produção agrícola, as sementes, as terras, os territórios; violam nossos direitos camponeses à renda e a uma vida digna, ao protesto e à autonomia de nossos povos". Essa crise alimentar sem precedentes, segundo La Via Campesina, está entrelaçada com a crise climática, com as guerras, com a corrupção, com o controle da mídia, com o racismo institucional e com o neofascismo, enquanto o campesinato continua a ser criminalizado e seus meios de subsistência monopolizados. Por fim, a Via Campesina reitera e reivindica seus compromissos históricos essenciais como única alternativa alimentar à fome no mundo: o combate ao modelo do agronegócio (produção monopolista em larga escala da agricultura) e a promoção de uma verdadeira soberania alimentar. Sergio FerrariJournaliste RP/jornalista RPsergioechanger@yahoo.fr Tradução: Rose Lima










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