Integralismo e bolsonarismo radical se unem

É até difícil de imaginar, mas, em meados de 1.930, era comum nas ruas das grandes cidades brasileiras cruzar com homens vestindo calça preta, camisa verde, gravata preta e uma braçadeira semelhante à nazista contendo, dentro do círculo branco, não uma suástica, mas a letra grega "sigma". Os "encamisados". No Brasil, como em outros cantos, os camisas verde eram chamados de "encamisados". De preto na Itália, de cáqui na Alemanha, de verde cá no Brasil. O apelido não veio à toa. Parte do "ethos" deles era estar uniformizado, que remetia a uma padronização de toda a sociedade. Todos com roupas iguais e pensamentos iguais. Esse era o ideal. Também remetia à disciplina militar pela qual cultivavam fetiche. Pulsão de morte. Os freudianos chamam a total falta de empatia, a falta de solidariedade, de "pulsão de morte". É uma força que vem de dentro. Uma violenta atração pela destruição não só da vida mas também do outro. Do diferente. Minha rejeição a eles não vêm da destruição do domingo, vem de um assassinato. Um menininho, de seis anos, entrou em uma padaria de Minas Gerais, no dia seguinte à eleição, gritando "Lula". Foi assassinado pelo padeiro, um policial militar de camiseta amarela. Eles compreendem a liberdade como a permissão da violência. Como a imposição de um jeito único de ser. Estou proibido de ser conservador. Jamais estarei ao lado dos "encamisados". Como lidar com a liberdade. Tampouco os integralistas conseguiam lidar com a liberdade no sentido liberal-democrata. Esse é um espaço permitido a cada um para buscar o seu melhor, com tolerância para desacordos. O tempo dos integralistas foi uma época em que o ideal iluminista da tolerância por diferenças, o de culto ao debate, foi questionado de frente. Agora volta. Foi um tempo como este nosso. Rudes e grossos sucessores de Benito. Os camisas amarela não nascem de ambições intelectuais. Seu guru, Olavo de Carvalho, não passa de um idiota. Não entende de coisa alguma. Apenas é um bom "xingador". Sabe ofender. O comando do integralismo era formado por alguns dos melhores pensadores e artistas brasileiros. Benito Mussolini era um leitor voraz. Antônio Salazar, de Portugal, era um dos mais importantes economistas europeus, um acadêmico respeitado. Mesmo Hitler, um artista de segunda, levou para sua proximidade alguns dos melhores pensadores e cientistas alemães. Não só, havia disciplina os encamisados de verde, muito rígidos em relação à ideia de um comportamento educado, rigorosos com a polidez no trato, certamente ficariam chocados com a rudez dos camisetas amarela, seus sucessores. São, antes de tudo, grosseiros, mal educados.