Do teatro à política, a marcha inesperada de famílias de CG

Não há notícias de eventos teatrais em Campo Grande antes de 1.923. O teatro só terá início nessa data devido ao labor dos irmãos Neder. São eles que constroem uma sala voltada ao cinema que era tida como suntuosa para uma cidade do interior brasileiro. O Cine Central promoveu grandes inovações. Não se sabe como, mas os irmãos Neder conseguiram uma façanha: exibiram filmes famosos que nem sequer tinham aparecido em São Paulo e Rio de Janeiro. E será nessa sala de espetáculos que grupos de teatro, formado por pessoas da sociedade local, apresentarão a primeira peça. Sem fazer nada. A primeira apresentação teatral que ocorreu em Campo Grande foi a peça "A Morgadinha do vale em Flor". "Morgar", é um verbo que significa "ficar à toa, sem fazer nada". Esse era o tema encenado. Causa espanto, todavia, as atrizes e atores locais que na peça trabalharam. Mostra, com clareza, que algumas famílias, de grande importância atual, já ocupavam papel de destaque exatos 100 anos. Isto mesmo, estamos comemorando o centenário do teatro campo-grandense. Vejam a relação das artistas e ator: Maria Augusta e Alzira Azambuja, Inah e Eunice Machado, Noemia dos Santos Pereira, Deolinda Alves, Alice Silva e o cantor Jamil Gazal. Uma portuguesa, com certeza. Passado dez anos dessa primeira encenação, em outra sala cinematográfica, Campo Grande receberia uma artista profissional. Conceição Ferreira, a atriz lusitana, fixara residencia por aqui em virtude de seu casamento com um comerciante estabelecido pelos lados do "Cascudo", como era chamado o atual Bairro São Francisco. O Cine Trianon recebia uma "avultada assistência" no dizer dos jornais da cidade. A peça era denominada "A Burleta Musical" de Maques Porto e Ary Pavão. A produção e direção estiveram a cargo de António e Conceição Ferreira. Jovens da cidade dela participaram "arrancando francos aplausos da assistência".