Guarda Municipal faz novo despejo em terreno com ocupação irregular
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) fez um novo despejo em um terreno no bairro Lagoa Park, onde aproximadamente 55 pessoas viviam de forma irregular em barracos improvisados. A ação, na tarde deste domingo (6), gerou revolta entre os moradores, pois no local havia crianças e mulheres grávidas. No local foram contabilizados dez barracos, sendo que três deles já haviam sido derrubados anteriormente pela GCM. As moradias improvisadas são feitas de madeira e outros materiais adquiridos em ferro-velho. Até o momento, segundo os moradores despejados, a Prefeitura não disponibilizou abrigo ou local adequado para acolher as famílias que perderam suas moradias na ação de despejo. Indignação - De acordo com o morador da ocupação irregular, Alexandre Oliveira, de 29 anos, o local existe há décadas. "Eu moro aqui há anos. Hoje eu tenho 29 anos, mas já morava aqui com seis anos. Eu passeava nesse mato. A gente está construindo em um espaço que a Prefeitura não cuida”. Assim como outros moradores, Alexandre ressalta que foi emitida uma ordem de desocupação sem se preocupar com o destino de quem vive no local. “Aqui deu trabalho para construir. Estão querendo derrubar, mas se for assim, também precisam dar um local para a gente ficar. Do jeito que eles estão fazendo, não tem como". Desempregada e com oito filhos, a moradora da ocupação Elisangela Magalhães Silva, de 44 anos, é uma das mães que está aflita e sem lugar para onde ir. "Eu tenho oito filhos e morava de aluguel. Eu tinha que deixar meus filhos passar fome para poder pagar o aluguel. Aí consegui esse terreno, mas agora vão tirar de mim. Não tenho para onde ir. Vou pra rua com os meus filhos”. De acordo com moradores, os tapumes e folhas de MDF, utilizados como paredes e divisórias, custaram cerca de 56 reais cada. “Da outra vez eles deram 10 minutos para gente desmontar. Depois passaram quebrando tudo. Nem consideraram o quão caro foi construir", explica Elisangela. Ciente da situação irregular, Elisangela diz que está cadastrada em projetos de habitação da Emha (Empresa Municipal de Habitação) e Agehab (Agência Estadual de Habitação), mas que até o momento não teve uma resposta. "Estou há 22 anos na fila da Agehab, mas até hoje não tenho para onde ir com os meus filhos". Resistência - Durante a desocupação, alguns moradores também mostraram resistência para deixar os barracos. Uma das moradoras, identificada apenas como Jainy, de 29 anos, se recusou a deixar sua casa. Ela está grávida e tem mais dois filhos, de cinco e dois anos de idade. De acordo com os moradores, após ser ameaçada de prisão, Jainy deixou o local e o barraco foi demolido. Primeira desocupação - Na última quarta-feira (2), aproximadamente 40 pessoas que ocupavam irregularmente o mesmo terreno na Rua Lagoa Santa, no bairro Lagoa Park, foram retiradas pela GCM. O terreno em questão pertence à Prefeitura de Campo Grande e vinha sendo ocupado por famílias que construíram barracos improvisados com materiais adquiridos em ferro-velho. Na ocasião, os moradores alegaram que não foi apresentado mandado judicial antes da ação e que os guardas agiram de forma truculenta, inclusive derrubando barracos de madeira. Em nota, a Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) alegou que acompanhou a operação de desocupação de área de preservação pública a pedido e em apoio a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). "A medida é em cumprimento de sentença de desocupação, sendo a invasão de área pública um ato infracional na esfera administrativa, conforme o Código de Polícia Administrativa e que, apesar da resistência dos invasores, não foi registrado o uso da força por parte do efetivo da GCM", afirma Sesdes em nota oficial. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura para saber se as famílias terão algum local provisório para morar. Entretanto, até o fechamento desta matéria não obteve resposta. O espaço segue aberto. Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.