Advogado de MS terá de dividir prêmio bloqueado de sertanejo com piloto de SP
Se penhora se confirmar, o advogado de Mato Grosso do Sul, João Alex Monteiro Catan, 68, que desde 2015 cobra na Justiça o pagamento de nota promissória assinada por Thiago Servo, cantor que fez sucesso ao lado de Thaeme, terá de dividir com outros credores o prêmio de R$ 1 milhão que o sertanejo ganhou em reality show. Um deles, que trabalhou como piloto de avião para o artista, conseguiu decisão judicial determinando novo bloqueio, de R$ 354 mil, das conta do famoso para garantir o pagamento de verbas trabalhistas e indenização pelo tempo que viajou e ficou à disposição de Servo sem nada receber. O aeronauta de Jundiaí (SP) também processa José Lázaro Servo, o Thiago, há anos e pediu para ser habilitado no processo que tramita contra o cantor em Mato Grosso do Sul como terceiro interessado. No pedido, a defesa do piloto explica que no dia 25 de agosto, a Justiça do Trabalho de São Paulo mandou bloquear o valor referente ao débito do artista com o ex-empregado. Advogada do ex-funcionário, Patrícia Amanda Soares relata que o cliente foi contratado em novembro de 2013, sob a condição era estar sempre à disposição e para tal, receberia salário mensal de R$ 12 mil, além das despesas com alimentação e hospedagem. Mas, além de nunca ter a remuneração depositada, durante os dias trabalhados, gastou R$ 2.155,54. A defesa do piloto demonstrou ainda que o profissional ficou de prontidão para atender o sertanejo até meados de fevereiro de 2014, quando descobriu que o trato estava desfeito e logo depois, decidiu procurar a Justiça. Servo responde outra ação de cobrança em São Paulo, segundo informou o próprio advogado dele, na tentativa de impedir que o prêmio seja sequestrado por inteiro. Apesar dos argumentos para convencer a Justiça de bloquear apenas 20% do valor ganhado pelo artista em programa da TV Record, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, manteve o arresto de todo o prêmio, uma vez que a sentença também já havia sido confirmada na 2ª instância. Ação em MS – Thiago Servo foi acionado, em maio de 2015, pelo advogado João Alex Monteiro Catan, pai do deputado estadual João Henrique Catan, que cobrava R$ 331 mil a título de pagamento, com juros, de nota promissória assinada pelo cantor. Após saga de 7 anos e meio atrás do artista, foi só em fevereiro deste ano que a Justiça conheceu a versão do sertanejo sobre o suposto débito, que motivou decisão de confisco do prêmio do programa “A Grande Conquista”. Embora nunca tenha deixado de tentar estar sob os holofotes, a Justiça teve muita dificuldade de encontrar Thiago. Ao longo do processo, estão registradas pelo menos duas dezenas de tentativas de oficiais de Justiça notificarem o cantor da existência da cobrança, em endereços de Campo Grande, São Paulo e até no sítio onde o sertanejo estava confinado para participar do programa “A Fazenda”, no primeiro ano de tramitação. Mas, antes que oficial de Justiça fosse designado para a viagem até a propriedade rural, Thiago desistiu do reality. Representante do credor, João Paulo Sales Delmondes chegou a pedir que a Justiça oficiasse aplicativos como Uber, 99 Pop e Ifood em busca de endereços de Thiago. Ele acabou sendo citado aqui na Capital, em novembro do ano passado, depois que Delmondes descobriu que o cantor estava fazendo apresentações no bar Eden Lounge, na Capital. Tanto tempo se passou que a dívida também se multiplicou. Conforme os cálculos efetuados pela defesa do credor, chegou a R$ 1.361.495,06. Por isso, no dia seguinte à vitória de Thiago no reality da Record e a notícia de que o devedor receberia R$ 1 milhão, Delmondes fez novo pedido de penhora e, ainda, no dia 21 de julho deste ano, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Execução de Título Extrajudicial de Campo Grande, determinou o sequestro do prêmio. Partiu para o ataque - No pedido feito ao Tribunal de Justiça, no dia 15 de agosto, para suspender a penhora do prêmio, Thiago partiu para o ataque e acusou Catan de fraude, falsidade ideológica e estelionato. A defesa do sertanejo já falava em farsa, argumentando que o cliente nunca fez dívida com o advogado campo-grandense, mas tinha negócios com Jamil Name Filho, outro nome “famoso” em Mato Grosso do Sul, condenado no fim de julho por ser o mandante da execução de universitário na Capital. Sem conseguir impedir o bloqueio do prêmio na 1ª instância, o sertanejo resolveu aumentar o tom. No dia 7 de agosto, ele foi à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro para registrar boletim de ocorrência contra Catan, acusando-o de falsidade ideológica. Brevemente, na denúncia à Polícia Civil, ele relata a mesma história contada à Justiça para se defender da cobrança. Narra que em 2013, quando ainda fazia dupla com Thaeme, contraiu a dívida com Name Filho ao comprar um carro da marca BMW e um avião. Afirma que pagou R$ 150 mil de entrada, mas após o fim da dupla, desistiu da compra. Sem poder continuar pagando “parcelas” pelos bens, o cantor teria feito acordo com Jamilzinho para que o valor já desembolsado ficasse como pagamento pelo tempo que usou o carro e a aeronave. A defesa alega ainda que Thiago havia assinado “nota promissória em branco” e não sabe como o documento que atesta dívida foi parar nas mãos de Catan, mas que o advogado fraudou o documento para cobrá-lo na Justiça. O advogado Diego Dias Barbosa Gamon pediu a suspensão da penhora, ao menos em parte, uma vez que o valor seria usado pelo sertanejo para subsistência e custeio de despesas como a pensão alimentícia dos filhos. O pedido, contudo, foi negado duas vezes. O avião citado pelo piloto na ação que tramita em São Paulo está em nome de empresa da família Name, conforme registro na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).