A Terra e os céus foram criados em 23 de outubro de 4004 a.C. ?

A pergunta, para muitos, pode parecer idiota. Mas foi com essa crença que o mundo ocidental viveu por séculos. Marcaram a data exata da criação da Terra e dos céus. Um domingo há 6.027 anos. Eram fanáticos religiosos. Levou muito tempo para que alguém contestasse essa ideia. O grande sir Issac Newton não estava de acordo. Segundo seus cálculos, tinha sido em 3.988 a.C. , uma diferença insignificante de 16 anos. Mas a polêmica foi desapiedada. Se não tivesse um nome tão potente, certamente teria sido levado à fogueira. Vagarosamente, essa ideia foi mudada vertiginosamente, há dois séculos. A imobilidade começa a cair. Os partidários da imobilidade necessitavam de uma história imóvel. O mundo tinha começado em 4.004 e ponto final. Precisaram de muita gente disposta a pensar diferente para começar a enterrar essa que era uma verdade absoluta. A mudança tem data inicial certa: 1.830. Geólogos ingleses, alguns deles membros da igreja católica e da protestante, perceberam que as camadas de certas rochas mostravam uma longa história da Terra de milhões de anos. Logo a seguir, outros ingleses, começaram a encontrar fósseis de animais tão diferentes que ninguém imaginava que pudesse ter existido vida há muitos milênios. Eram os dinossauros. Propuseram a dúvida e foi um massacre. Foram repudiados, condenados, mas pouco a pouco começaram a demonstrar que suas ideias tinham sentido. Construíram uma história móvel. O mundo deixava de lado o imobilismo. Um mundo sem fogueiras. O dever desta geração é dar continuidade a um mundo sem fogueiras, sem terraplanismo. Um mundo onde a ciência se imponha, mas que admita seus erros. Onde não exista discursos intocáveis. Onde os espertalhões, que se aproveitam desses dogmas para adquirir poder, sejam menosprezados. Sem lascívia e sorrisinhos, sempre com respeito. Esqueçamos, definitivamente, do 23 de outubro de 4004 a.C. neste mês de outubro.