Praça é transformada em ‘terreiro’ com louvor a exu e pombagira
Levando parte dos ritos da umbanda para espaços públicos, praticantes da religião transformaram a praça do Preto Velho em “terreiro” durante o fim de semana. Com cantos, danças e rezas, a noite foi de louvor a exu e pomba-gira. Antes do público chegar, os atabaques já começavam a soar como sinal de que as tradições afro-brasileiras estariam presentes por ali. Além dos tambores, o trio de farinhas também permanecia posicionado aguardando pelo início dos rituais. Diferente do que ocorre fora da praça, a noite começou e seguiu de forma didática. Isso porque, de acordo com o organizador do evento, Lucas Targino, um dos grandes objetivos é aproximar a comunidade externa das crenças religiosas. “A Noite das Marias surge na necessidade da gente encurtar esses espaços de ter que ir em outro estado para louvar exu em praça pública e desmistificar que eu é o diabo, que pombagira é do capeta”, introduz o ativista. Em 2022, o evento também foi realizado e, ao notar que a prática precisava ser repetida, a segunda edição veio neste fim de semana. “A gente traz os rituais para praça pública porque queremos mostrar que aqui é um espaço de resistência, é uma extensão do terreiro”. Sobre a experiência, o organizador defende que é a oportunidade de mostrar as várias faces da religião. Entre elas, a de caridade e, é claro, a cultura. “Queremos levar o terreiro para além das quatro paredes, tirar nossas histórias apenas dos nossos e mostrar para a comunidade de uma forma mais leve e com diálogo”, diz Lucas. Especificamente sobre os rituais da noite, Targino detalha que, em sua religião, exu é o caminho. “É a boca que tudo come, o senhor do ouvir, dos olhos e da fala. Então, no começo, nós temos algumas farinhas misturadas com preparo de dendê, mel, água e cachaça. Sinalizamos para exu que estamos louvando a divindade, cumprindo com a ritualística”. Farinha e água são distribuídas pelo chão para que, de acordo com Targino, as conexões aconteçam. “E, antes de começarmos com os louvores, sinalizamos isso para a comunidade também. Explicamos o que estamos fazendo”. Com os ritos iniciais realizados, a noite seguiu com louvores, música e dança. Tomando essa dinâmica como base, Lucas completa que eventos do tipo são cada vez mais necessários. “Nós continuamos sofrendo preconceito, então ocupar praças, ainda mais a do Preto Velho, é um direito nosso. A praça tem valor histórico, é ideal”, completa. Para acompanhar os próximos eventos, a página no Instagram é @noitedasmarias.cg Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .