Por quase 3 horas ninguém é atendido em UPAs; falha de protocolo?
Leitores costumam procurar o Campo Grande News reclamando que pela manhã ficam horas na fila esperando atendimento em UPAS. Para acharam uma resposta, criam várias versões: como médicos que abandonam ou faltam plantão. Para responder essa pergunta, a reportagem percorreu três unidades de pronto atendimento e verificou que a falha pode estar nos procedimentos adotados pela Sesau. A própria Secretaria Municipal de Saúde informa que das 5 às 7h nenhum médico atende quem passou pela triagem, exceto casos de urgência e emergência, devido a troca de plantão. Neste tempo a reportagem observou que a fila só cresce. No UPA Coronel Antonino, 6h28 o movimento era pequeno, mas uma hora depois, o cenário mudou e o saguão da unidade ficou lotado. Ramão Leandro da Silva, 59 anos, chegou no posto de saúde 6h, ele procurou atendimento porque estava com problema de pressão alta, passou pela triagem, mas 6h33, faltando meia hora para troca de plantão ainda não tinha passado pela triagem. “Hoje tem pouca gente, mas acho que ainda não tem médico atendendo. Agora é troca de plantão, na verdade é 7h, mas agora eles já começam ir embora. A escala deles é de 12 horas, acho que enquanto a outra equipe não chega eles não deveriam ir embora, porque se chega alguém passando mal é complicado”, comenta. Após uma hora de espera sem nem ter passado pela classificação de risco, Ramão resolver ir embora e procurar atendimento em outro lugar. “Quem tá mal da pressão não pode ficar assim, vou embora procurar atendimento no postinho do Estrela do Sul”, afirmou. Apesar da troca de plantão ocorrer as 7h, 48 minutos depois do horário que os atendimentos da manhã deveriam começar, nenhuma pessoa tinha sido atendida. Na escala colada no mural do UPA mostra que sete médicos deveriam estar atendendo, além de seis pediatras, mas no período em que a reportagem esteve no local, os pacientes ainda aguardavam no saguão, sem previsão de serem chamados. A diarista Fátima Aparecida Felício da Silva, 33 anos, chegou às 6h no UPA com a sogra de 64 e a filha de 3. Com sintomas de pneumonia, a mulher esperou com a idosa mais de uma hora e meia para conseguir atendimento. “Já era pra eles terem chamado porque cheguei aqui não era 7h ainda. Desde que chegamos nem quem já estava na nossa frente foi chamado ainda. Só tinham duas pessoas na nossa frente, não chamaram e agora aumentou o número de pessoas. É ruim né se tem tudo isso de médico na escala por que não atendem a gente logo?”, questionou. Na UPA Tiradentes, o cenário não é diferente, apesar do movimento ser menor, a espera é grande. Por conta da troca de plantão, somente um médico estava atendendo. Quando a equipe de reportagem chegou, uma senhora estava no consultório e um homem que já havia passado pela triagem, aguardava para entrar. Minutos depois, o rapaz é atendido e após, ninguém mais foi chamado até 7h20. Na escala da madrugada estava previsto quatro médicos e três pediatras, mas somente um clinico geral estava atendendo nas primeiras horas da manhã. Uma das médicas plantonistas que assumiu pela manhã, começou chamar os primeiros pacientes que tinham passado pela triagem ainda às 6h, somente 7h28. Na manhã desta quinta-feira (30), a reportagem esteve no UPA Leblon, apesar de na escala do plantão constar sete médicos e cinco pediatras, uma funcionária informou que na frente somente um clínico geral estava atendendo, os outros estariam reavaliando pacientes internados na urgência e emergência. Por volta das 6h15, três pessoas que já tinha passado pela triagem aguardavam para passar pelo médico, mas o médico plantonista só começou a atender 7h28. Enquanto isso a fila ia aumentando. Uma mulher que não quis se identificar e nem ceder entrevista para o Campo Grande News , chegou por volta das 7h no UPA com um casal de filhos. Ela perguntou se estava tendo atendimento pediátrico e foi informada que não. Na sequência, foi orientada a procurar o UPA Coronel Antonino ou Universitário. A Sesau informou que no UPA Leblon não tem médico pediatra atendendo pela manhã na unidade e que as UPAs Coronel Antonino e Universitário “são referência”. Posicionamento – Sobre a troca de plantão, a Sesau disse que a troca de plantão nas UPAs e CRS (Centro Regionais de Saúde) segue procedimentos específicos para garantir a continuidade do atendimento. A transição entre os profissionais é realizada de forma que haja sempre um médico disponível para atendimento de urgência e emergência. “É importante ressaltar que não há nenhuma interrupção no fluxo de atendimento, sendo a triagem do paciente realizada normalmente neste período. Cabe esclarecer que o médico que está encerrando o plantão deve repassar todas as informações relevantes sobre os pacientes e o andamento dos atendimentos para o próximo plantonista, assegurando a continuidade do cuidado”, explicou. A secretaria disse ainda que esse processo de repasse de informações é fundamental para garantir a segurança e a qualidade do atendimento prestado. “É importante enfatizar que, mesmo durante a troca de plantão, há sempre um médico disponível para atender os casos de urgência e emergência, e que a transição entre os profissionais é realizada de forma a não comprometer a assistência aos pacientes. Ou seja, pacientes que realmente necessitam de atendimento imediato não são desassistidos. Casos de menor gravidade, classificados como azul ou verde, devem aguardar atendimento de acordo com a sua necessidade. O tempo de espera para estes casos é de até 4h, conforme o protocolo”, relatou. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. 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