Após 12h de cirurgia, motociclista pouco se lembra de acidente que matou esposa

Após 12 horas na sala de cirurgia, seis procedimentos e quatro dias em coma,  João Paulo Alves, de 43 anos, se recupera em casa com o auxílio das irmãs. Na cama, com diversos pinos e lesões na perna esquerda e em algumas partes do tronco, ele diz que pouco se lembra do acidente que matou sua companheira, Belquis Maidana, de 51 anos. “Só lembro do impacto. Ainda não consigo lembrar direito (da colisão), e muito do que eu sei foram minhas irmãs que disseram” A esposa faleceu no último dia 9, no cruzamento das ruas Antônio Maria Coelho e Bahia, região central de Campo Grande. O casal estava em uma Honda Biz pilotada por João Paulo, atingida pelo servidor estadual Guilherme de Souza Pimentel, 30, que estava em uma Toyota Etios. Belquis morreu no local, mas João só soube dias depois.  Junto das irmãs desde o último dia 26, data em que recebeu alta médica da Santa Casa, João Paulo se recupera na casa da irmã mais velha, Jorcieny Farias Cardoso Ribeiro, 60 anos, professora aposentada.   O casal de Corumbá não tem filhos, apesar de dez anos junto e há um ano casado.  A última lembrança de João é do momento em que se organizava para sair de casa, por volta das 6h30 de sábado. O trajeto era rota comum dele e da esposa nos dias de serviço. Mas são as irmãs que detalham como souberam do acidente. “Ficamos sabendo apenas por volta de meio-dia, nisso, ele já tinha entrado no centro cirúrgico às 7h onde permaneceu até às 21h45”, disse Jorcieny Farias Cardoso Ribeiro. João Paulo prestava serviço terceirizado há quatro anos para uma empresa de pavimentação asfáltica na Capital. Com todos os procedimentos cirúrgicos já finalizados, João Paulo só deve se recuperar totalmente dentro de seis meses. Entretanto, retornará à Santa Casa no próximo dia 16 de janeiro para acompanhamento médico e verificar a condição de costelas trincadas em virtude da pancada.  “Foram quatro cirurgias na tíbia, algumas lesões na fíbula e no fêmur da perna esquerda”, falou. Além disso, o trabalhador estourou parte do baço, utilizou dreno nos pulmões e amputou um dedo e parte de outro no pé esquerdo.  Além da gravidade, agora também há gastos. “Só o anticoagulante do sangue para trinta dias custou R$ 310, além de outros medicamentos. Antibiótico, gaze, curativos, já gastamos R$ 795 com remédios”, diz a técnica de laboratório Débora Espinosa, 47 anos, também irmã de Paulo.  Parte do equipamento utilizado por João após o acidente foi doado por vizinhas e colegas de trabalho. “Postei no Facebook, nas redes sociais. Muita coisa é emprestada. Muita gente também foi doar sangue. Conseguimos cadeira de banho, cadeira de rodas, isso facilitou bastante nossa lida”, completa.  Vera conta que o irmão perdeu cerca de 9 kg durante o período em que esteve internado. “Estava com 65 e agora deve estar com 56 kg”, destacou.  E os dias não têm sido fáceis. “Longe da cama, ele fica o tempo todo na cadeira de banho que entra já encaixada na parte de cima do vaso (sanitário). Ligamos o chuveirinho do banheiro e depois do banho fazemos outra manobra para levá-lo de volta, tarefa para pelo menos duas pessoas", relata a irmã.  A família garante que até o momento não foi contatada por ninguém para ajuda nas despesas. O motorista que atropelou o casou foi preso, mas no dia seguinte foi liberado mediante pagamento de fiança de R$ 60 mil e vai responder por homicídio simples. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .