Polícia reforça equipes para investigação de morte de indígenas na Bahia
Crime aconteceu ontem, entre Itabela e Itamaraju
As equipes policiais foram reforçadas para acelerar a investigação das mortes de dois indígenas na terça-feira (17), no distrito de São João do Monte, entre Itabela e Itamaraju, no Sul da Bahia, informou a Polícia Civil. O comando da investigação é feito pela 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis).
Nawir Brito de Jesus, 17 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25, estavam em uma moto sem placa quando foram atingidas por tiros. Os dois foram atingidos por tiros no km 787, quando estavam andando do Povoado de Montinho para uma das fazendas que estão ocupadas por um grupo indígena no processo de retomada feito pelo povo pataxós.
Testemunhas informaram que os disparos foram efetuados por homens em uma moto e as vítima foram atingidas nas costas. Após o assassinato dos jovens indígenas, os nativos fizeram uma manifestação na BR-101, que ficou interditada das 19h às 22h.
Equipes das polícias Militar e Rodoviária Federal também estão fazendo buscas na região desde o crime.
"Todas os policiais estão em campo levantando informações e buscando possíveis testemunhas, além de imagens. Importante acrescentar que equipes do Grupo Especial de Mediação e Acompanhamento de Conflitos Agrários e Urbanos (Gemacau) da PC estão dando apoio na apuração", explicou o delegado Moisés Damasceno, da 23ª Coorpin.
O delegado diz que quem tiver informações sobre o caso pode entrar em contato pelo Disque Denúncia (telefone 181), em total sigilo.
Ministra diz que não haverá impunidade
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, comentou o caso nas suas redes sociais. "Ontem perdemos dois jovens Pataxó em virtude de conflito por terra e luta por demarcação. A minha primeira agenda do dia será com lideranças indígenas do Extremo Sul da Bahia. Acompanharei de perto o que vem acontecendo na região e irei requisitar ação imediata do Estado", escreveu. "Os povos indígenas continuam a enfrentar ameaças e a morte por defender seus direitos à terra. Requisitarei ações revigoradas do Estado para trazer justiça ao povo Pataxó pela morte desses dois jovens. Não haverá impunidade", acrescentou.
Ainda ontem, Guajajara afirmou que já tinha acionado o Ministério da Justiça para enviar a Força Nacional ao local, classificando o crime de "cruel assassinato". "O território Barra Velha aguarda a portaria declaratória", disse.