PetroRecôncavo vai investir R$ 1 bilhão em poços maduros este ano
A PetroRecôncavo, uma das principais operadoras independentes de óleo e gás do Brasil, projeta um volume de investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão este ano. Empresa baiana, sediada em Salvador, a companhia vai distribuir os recursos pelas duas áreas produtoras que possui na Bahia e uma no Rio Grande do Norte. Hoje, a PetroReconcavo emprega 1,3 mil colaboradores diretos, com cerca de 90% da força de trabalho constituída por potiguares e baianos. Hoje a PetroRecôncavo produz aproximadamente 24 mil barris de óleo equivalente por dia e espera chegar a 37 mil/dia até 2027.
Os recursos serão destinados à otimização e revitalização de campos terrestres (onshore), conhecidos no setor como “maduros”, por já terem passado do seu ápice de produção. Até 2027, a petroleira independe pretende aumentar o fator de recuperação dos poços terrestres baianos administrados por ela de 24% para 35%, o que deve elevar proporcionalmente o volume de royalties e outras receitas, como ICMS, ISS e a massa salarial. “A companhia está entrando no momento em que terá o maior programa de investimento da história. Vamos investir R$ 1 bilhão só na revitalização destes campos”, calcula.
Além dos dois campos que já possui, a PetroRecôncavo está em negociação com a Petrobras para assumir a operação do Polo Bahia Terra, que faz parte do programa de desinvestimento da estatal. Com a conclusão da operação, o CEO da PetroRecôncavo, Marcelo Magalhães, projeta um volume ainda maior de investimentos na Bahia a partir do ano de 2024.
Com 22 anos de atuação, a PetroReconcavo é a empresa com sede na Bahia listada no novo mercado da B3. A empresa tem um total de 60 concessões, operando 58 campos que estão em fase de produção, sendo 32 deles na Bacia Potiguar e 26 na Bacia do Recôncavo, além de 1 bloco exploratório na Bacia Potiguar e participação em 1 campo operado por parceiro.
“Nos primeiros 19 anos, a empresa atuou como prestadora de serviço da Petrobras. E a partir de 19, passamos a adquirir uma série de campos. Operamos os campos de Remanso e Miranga na Bahia. Hoje empregamos quase cinco vezes mais do que em 2018. Mais da metade destas pessoas trabalham na Bahia”, conta Marcelo Magalhães.
O CEO da PetroRecôncavo destaca a importância social dos investimentos na retomada da produção de óleo e gás. “O impacto disso tudo sobretudo nas prefeituras é muito grande. Os recursos se transformam em produção e isso se torna royalties, ISS, é dinheiro na veia, que fomenta toda uma cadeia de serviços”, diz. “Se olharmos o mapa da Bacia do Recôncavo, vamos ver muitos municípios bastante pobres”.
Marcelo Magalhães considera fundamental o processo de retomada da produção terrestre na Bahia. Ele considera acertado o movimento da Petrobras de repassar áreas que estão subutilizadas para outros operadores. “Ainda tem 10% de todo o óleo da bacia a ser produzido”, calcula.
“O Brasil e a Petrobras têm uma dívida histórica com o Recôncavo. Foi através dos recursos retirados daqui que se viabilizaram as pesquisas e a estruturação da produção offshore (no mar) e no pré-sal”, ressalta. “A gente quer a Petrobras muito for te na Bahia, sobretudo atuando na transição energética, o que já foi sinalizado pelo novo governo federal. Temos um enorme potencial para energias renováveis e o hidrogênio verde”, pondera.
Ele explica que a produção em poços maduros, que pode ser pouco interessante para uma empresa do tamanho da Petrobras, é importante para companhias menores e sobretudo para as regiões produtoras.
Ele explica que o investimento de R$ 1 bilhão se dará para aumentar o fator de recuperação das áreas adquiridas. “Nosso trabalho é aumentar o fator de recuperação destes campos de petróleo. “Normalmente se consegue extrair até 35% do óleo em um determinado campo. Atualmente, a média é de 24% por conta das condições operacionais”, explica. “Temos campos que estão há décadas em operação. Nosso trabalho é aumentar a produtividade dos poços”, ressalta.
Ainda este ano, a empresa fará 280 intervenções programadas nas áreas. “Cada uma requer uma sonda de trabalho, caminhão auto transportável, de quatro a seis dias de trabalho, mobilizando muito equipamento, serviço e gente”, diz. “Além disso, vamos fazer 80 perfurações de novos poços”, completa. Cada um envolve uma sonda de perfuração, de oito a 12 dias e algo entre US$ 600 mil a US$ 700 mil. Somem-se a isso diversas outras melhorias, explica. “Quando se pensa nisso tudo, a gente chega a R$ 1 bilhão em investimentos previstos”.
Segundo Magalhães, a expectativa da empresa é de chegar a um acordo com a Petrobras em relação ao Polo Bahia Terra nas próximas semanas. A área foi interditada pela ANP, mas, segundo ele, isso não inviabiliza a negociação. “Nós continuamos normalmente em negociação com a Petrobras. Temos condições de chegar a um acordo nas próximas semanas. Acho que deve prevalecer a lógica social, econômica e mesmo a institucional”, acredita. A PetroRecôncavo é sócia da Eneva nesta operação. “Quando isso se resolver, vamos trazer para a Bahia a Eneva, que é um player relevante no setor”.