Centro de Convenções Salvador já tem 87 eventos agendados para 2023
Turismo de negócios é a aposta após os números positivos do turismo de lazer no verão
O verão acabou e os turistas que lotavam as praias também foram embora. Não tem mais carnaval. Não tem mais Bonfim e nem ensaio de verão. E agora, José? Agora, a aposta é no turismo de negócios. No ano passado, o Centro de Convenções Salvador (CCS), na Boca do Rio, movimentou R$ 1 bilhão, e a expectativa é que os números de 2023 sejam ainda mais positivos. Entre janeiro e março, a quantidade de eventos realizados no local superou em 49% o mesmo período de 2022. Já são 87 agendas para este ano.
Cerca de 150 mil pessoas devem passar pelo novo centro de convenções apenas para citar os eventos já confirmados, mas a expectativa é fechar o ano com 150 eventos - foram 96 no ano passado. O espaço está recebendo atualmente a Origem Week 2023, feira de produtos e negócios baianos, e um congresso de oftalmologia.
Quem trabalha com o turismo comemora esses números. O motorista por aplicativo Ivanilton Couto, 45, está animado:
“A maioria da população de Salvador vive de serviço e de turismo, então, todo evento feito com a intenção de atrair mais gente para a cidade é bem-vindo. Ganha a gente que é do transporte, ganha a baiana de acarajé, o vendedor de água, o pessoal dos hotéis, do comércio, a prefeitura que arrecada impostos, todo mundo”.
Formada por congressos e conferências, a maioria dos eventos é o que o setor chama de MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions). Eles correspondem a 32% de tudo que é realizado no Centro de Convenções Salvador. O diretor geral do equipamento, Ludovic Moullin, explica que a agenda é sazonal:
“Temos congresso o ano inteiro, mas a alta temporada acontece de setembro a novembro, depois das chuvas. De dezembro a fevereiro temos muitos eventos culturais. Já as feiras começam a partir de agora. Os eventos regionais são planejados um ano antes da data, e atraem, em média, entre 3 e 5 mil pessoas. Os nacionais são planejados dois ou três anos antes, e têm cerca de mil participantes. Eu já tenho congresso sendo fechado para 2026”.
As feiras representam 24% dos eventos no principal centro de turismo de negócios da cidade e tiveram crescimento de 10% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já os congressos e convenções cresceram 12%.
Entre dezembro e fevereiro, a demanda por congressos, feiras e eventos coorporativos diminui no Centro de Convenções Salvador por conta da temporada de férias, enquanto os eventos socioculturais crescem. Eles representam 18% dos negócios realizados no local. Em 2022, o espaço recebeu shows de Ivete Sangalo, Saulo, Silva e Anitta.
Apesar da visibilidade óbvia dos eventos culturais, a maior demanda do CCS é mesmo de turismo de negócios. Gilcério Lemos, presidente da Salvador Destination, entidade que promove a capital baiana no turismo de eventos e negócios, detalha algumas das ações para 2023.
“Além de roadshows nos principais destinos de turismo de eventos, queremos trazer entidades que tradicionalmente promovem congressos para que conheçam a infraestrutura da capital baiana e decidam pela cidade para a realização dos seus eventos. Também planejamos ações com influenciadores digitais, press trip a Salvador e participação nas principais feiras de eventos no mundo”, conta.
A entidade engloba 40 associados de diversos segmentos, como hotéis, restaurantes, agências, centros comerciais e empresas organizadoras de eventos, e o setor movimenta 50 áreas da economia. Eventos corporativos representam 18% e palestras 7% das ações no CCS.
A Secretaria Estadual de Turismo (Setur) foi procurada para apresentar dados do setor no estado, mas informou que não teve tempo hábil para fazer o levantamento. A Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) ainda não se manifestou.
Este ano, estão confirmados no CCS congressos nacionais de engenharia civil, educação católica, medicina intensiva, cancerologia, infectologia, queimaduras, psiquiatria, urologia, otorrinolaringologia e cirurgia cérvico facial. Na lista, figuram ainda encontros internacionais, como o 10º Simpósio Internacional da Abec Deca, e o X Congresso Brasileiro e VIII Internacional da Sonafe 2023, além de feiras de moda e calçados.
Disputa acirrada
Atualmente, Salvador disputa o turismo de negócios com São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e, mais recentemente, Recife (PE). Cada evento no Centro de Convenções Salvador dura cerca de três dias, mas o turista estende a visita por mais dois dias para conhecer a cidade. Segundo diretor geral do CCS, Ludovic Moullin, eles gastam algo cerca de 200 dólares por dia, o que representa quatro vezes mais que o turista de lazer.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Luciano Lopes, diz que o setor está acompanhando a agenda do CCS com otimismo, por conta dos resultados positivos de 2022 e pelos eventos já confirmados deste ano. Ele afirma que os visitantes do setor são mais exigentes em termos de atendimento, mas parecidos com aqueles que viajam por lazer nos outros quesitos:
“O turista que vem a negócios acaba sendo também um turista de lazer, porque durante o congresso ele sai e vai ao Pelourinho, visita as igrejas, vai ao shopping, gosta da cidade e volta com mais tempo nas férias, por exemplo. Então, o turismo de negócio é uma porta também para o turismo de lazer”.
A expectativa do setor é impulsionar a taxa de ocupação hoteleira e alcançar a meta anual de 62%, de antes da pandemia. O prefeito Bruno Reis também está otimista. Ele comentou sobre o assunto durante a entrega de uma escola em Brotas, nesta quinta-feira.
“Temos uma programação extensa durante todo o ano. Tem dias em que o prefeito precisa ir ao Centro de Convenções duas vezes para abertura de eventos. É um desafio para o período de abril a outubro, que é o de baixa estação, produzir eventos que possam atrair pessoas para a nossa cidade. A prefeitura vem fazendo várias ações para promover nossa cidade e atrair mais visitantes, e gerar oportunidade de emprego e renda”, afirmou.