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Na Bahia, se grita macaco em silêncio

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“Macaco!”. A comparação com o animal, do qual temos 98% de semelhança, estaria relacionada à cor da pele, na tentativa de ofender o atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid.

Vivem os espanhóis a ilusão tardia de formarem uma humanidade melhor, como se ainda estivessem de arcabuz na mão a chacinar os incas, os maias e os aztecas.

Ou talvez a saudade do generalíssimo, alinhado ao Eixo, pudesse produzir a sensação de uma oportunidade de solução final com a terceira guerra, dizimando-se as séries ditas inferiores do planeta, as "não-brancas".

Em uma tentativa de entender por que age assim gente tão fina e aparentemente educada, é possível terem herdado o sofrimento dos 800 anos de ocupação da península ibérica pelos morenos islamitas.

Ou, quem sabe, em um exercício de escavação antropossociológica, poderíamos encontrar fósseis de integrantes de hordas lutando entre si pelo fogo, antes mesmo de descobrirem como se o produz, gerando animosidades.

Há muito a pensar, considerando uma filosofia do racismo como necessária, socorrendo assim aqueles parvos incapazes de perceber nas ideias bem torneadas e sãs a única forma de melhorar o mundo.

Ao escolher esta trilha, como sempre a mais próxima de tornar-me impopular e incompreendido, deixo-me tomar por proposições válidas, tendo como premissa o fato de convivermos com manifestações contra Vini Jr.

Não precisamos ir à Espanha, nem gritar “macaco!” para denunciar nosso próprio racismo, basta verificar quem são os porteiros dos prédios classe média e como são tratados pela gente nem tão branquela assim dos apartamentos.

Basta frequentar a nossa praça esportiva mais badalada e lembrar como era: onde estão nossos Vinícius se eles não podem pagar o preço do ingresso e a capacidade foi reduzida à metade ou menos, produzindo efeito de exclusão?

Precisa gritar “macaco” para ser racista se afastamos nossos autônomos, incluindo baianas de acarajé de ancestralidade irrefutável, atacando Iansã e Sangô em uma só paulada público-privada, mais privada e menos pública ?

E onde foram parar os craques Vinícius de nossos times, hoje amarelados como mingau de cremogema, em total dissonância com a proporção de pretos e não-pretos existentes no Breu-zil ?

E se formos atualizar minha pesquisa de mestrado de 2003, sobre o perfil do jornalismo esportivo, qual seria o resultado?  Lembrando ser o clubismo um tipo de racismo sofisticado, no qual os não-Bahia são afastados...

O racismo, se nos fixamos à raiz da palavra, difere de etnia – esta, refere-se a aspectos culturais e de comportamento –, daí entendermos o verbete "racismo genuíno" algo próximo ao qual chamamos especismo.

O especismo é a crença de sermos superiores porque dotados de raciocínio, capazes de produzir armadilhas, fuzis, bombas e todo um arsenal capaz de fazer mal a nós mesmos e a outras espécies.

É o "racismo" da pecuária, das criações de animais não-humanos, é o racismo de matar ou produzir maus tratos em animais comunitários e de rua, seria um racismo inato, hereditário, é o sentimento nazifascista.

Vinicius Júnior merece tratamento igual a toda pessoa de qualquer cor ou formato. E vamos lembrar também dos Vini Jr. da nossa Bahia! Não precisa gritar "macaco" para ser racista!


Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade











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