Deputado Rogério Correia encaminha requerimento para ouvir kid preto, mas Arthur Maia veta novos depoimentos
Enquanto os governistas se movimentam para aproveitar as sessões que faltam até o fim da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), previsto para o dia 17 deste mês, a fim de conseguirem levar nomes de peso - principalmente do meio militar, para depor -, o ministro da Defesa, José Múcio, se esforça para minimizar danos à imagem das Forças Armadas, indelevelmente associadas aos atos golpistas de 8 de janeiro.Sem que passem pelo crivo das apurações, as suspeitas sobre esses militares só se alastram, na medida em que mais nomes surgem nas investigações. Na sexta, 29/09, foi a vez do general quatro estrelas, Ridauto Lúcio Fernandes, um “Kid preto”, formado na AMAN na turma de 1987 e integrante das Forças Especiais. O general aparece na cena dos atos terroristas em vídeo de sua autoria, se dizendo “arrepiado” por assistir “a batalha” acontecendo.Diante de fatos tão graves, o deputado Rogerio Correia (PT-MG), agiu rápido e encaminhou na própria sexta-feira requerimento para que o oficial seja ouvido na CPMI. A Polícia Federal trabalha com denúncias de que Ridauto tenha, inclusive, treinado participantes do acampamento de frente do QG em Brasília, para derrubar a linha de defesa que protegia a rampa do Planalto e, de posse dos gradis que impediam o avanço dos terroristas, improvisar com eles a escalada dos andares mais altos dos prédios invadidos.O requerimento ainda não foi aprovado e, talvez, tenha pouca chance de prosperar, pois apesar de serem peremptórios ao negar que esteja havendo o acordo que o ministro Múcio tem propalado na grande mídia, os integrantes da CPMI veem o presidente da Comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmar que não vai mais pautar depoimentos, dando a entender que o acordo de que o ministro Mucio fala, pode ter sido feito “por cima”.Basta observar que o depoimento fundamental do general Braga Netto, ex-candidato a vice na chapa derrotada nas eleições, e que aconteceria no próximo dia cinco, foi mais uma vez desmarcado. Braga Netto poderia, por exemplo, esclarecer por que pediu paciência aos golpistas de plantão na porta do quartel do Comando do Exército, pois algo aconteceria “em 72 horas”.O que mesmo iria acontecer em 72h? Por que o general não reconheceu, como candidato a vice, a derrota para o vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva? Por que não convenceu Bolsonaro a fazê-lo? Por que manteve o QG de campanha da chapa, funcionando a pleno vapor, com reuniões que perduraram até “dar ruim” no 8 de janeiro? Essas e outras perguntas, pelo visto, ficarão sem respostas.O deputado Rogerio Correia e os demais integrantes da situação, da CPMI têm sido incansáveis na busca de detalhes e de nomes essenciais nas apurações, mas o presidente Arthur Maia já afirmou que a Comissão não convocará mais ninguém para depor. Ou está satisfeito com o que foi apurado até aqui – com personagens intermediários -, ou o acordo foi feito em “petit” comitê, à revelia dos demais membros.O general Ridauto Lúcio Fernandes poderia dizer muito sobre a organização do 8 de janeiro. Sem depor, restam as mensagens do seu celular, apreendido pela PF. Teremos acesso? Quando? Chegarão a tempo para a inclusão no relatório final da CPMI?