A perigosa doutrinação da polícia universal do reino de Edir Macedo
img src="https://cdn.brasil247.com/pb-b247gcp/swp/jtjeq9/media/2022072522070_4890872c37b776556d67b9b191281f42ebfeccbaa8408f9f2af092d98118ca1c.jpg" width="610" height="380" hspace="5" /
O poder religioso neopentecostal é um demônio a ser expulso da sociedade brasileira
br clear="all"
A igreja medieval sempre exerceu um poder amplo e quase irrestrito sobre as sociedades de sua época. Além de ser a autoridade máxima, inquestionável e infalível nos assuntos relacionados ao cristianismo e aos desígnios de Deus para os homens, ela também desempenhou um papel significativo na política, na educação, na cultura e na constituição de regras de conduta que ela definiu como valores éticos e morais a serem obedecidos. A sua autoridade moral e social, poderia ser comparada com a dos atuais 3 Poderes e com as forças de segurança do Estado. Se lhe parecer exagerada a comparação, lembre-se de que a Igreja Medieval, entenda-se, Católica Apostólica Romana, tinha o seu próprio tribunal inquisidor. Uma jurisprudência particular que deve fazer a dupla Moro e Dallagnol se lamentar por não ter nascido alguns séculos antes, para poder condenar mais gente à prisão sem provas e com muita convicção.As chamadas “heresias”, eram um dos crimes considerados hediondos naquele período, pois atentam contra as verdades fundamentais da fé estabelecidas pela igreja. Combatê-las impiedosamente era mais do que um princípio moral, era um dever existencial de todo aquele que se dizia obediente e temente a Deus. Estimular a todos que professam a fé cristã, a perseguir e ajudar a levar a julgamento pessoas tidas como “hereges”, era uma das táticas de dominação da igreja medieval. Tudo alicerçado sobre uma “paranoia moral”, como bem definiu Nietzsche em seu livro “Aurora: Reflexões sobre preconceitos morais”, que deveria ser contraída pelos cristãos a bem da manutenção da “sã doutrina” e das determinações do clero. Possivelmente inspirado pelas cruzadas, uma série de expedições militares empregadas para retomar a Terra Santa dos muçulmanos, que, além de ter provocado a morte de milhões de pessoas, também fortaleceu a influência da igreja no cenário político internacional, o auto proclamado bispo Edir Macedo, proprietário da empresa Universal do Reino de Deus, criou o seu exército de gladiadores do altar e vem fazendo um trabalho de doutrinação nas polícias do país.Já não é mais segredo para ninguém, que o programa batizado de Universal nas Forças Policiais, criado a pretexto de oferecer assistência espiritual aos policiais, é mais uma etapa do projeto de poder neopentecostal que está sendo deflagrada diante dos olhos de um Estado Laico, que parece não enxergar os perigos de tal movimento que possui ramificações por todo o país. Curiosamente, tanto a Universal como a Polícia Militar, são instituições mantidas pelo povo. A primeira, graças ao dízimo dos fiéis, e a segunda, graças aos impostos pagos por todos nós. E os fiéis da igreja de Macedo ainda pagam pela manutenção de ambas. Até poderiam se livrar do imposto destinado a "Deus", se conseguissem raciocinar e chegar à conclusão de que, quem é dono do universo inteiro, não precisa de 10% do seu salário. Talvez despertem quando Jesus voltar e lhes dizer pessoalmente que foram enganados. Até lá, esse grupo seguirá agindo conforme a doutrinação recebida. E esse é o grande perigo para a sociedade como um todo, por estarmos falando de gente manipulada por um sistema religioso que a cada dia vem aumentando o seu poderio econômico, social e político. Tal qual a igreja medieval.O disfarce da relação político-social entre as instituições, se dá por pretextos como ações sociais feitas em conjunto, cerimônias militares realizadas dentro dos templos da IURD e homenagens públicas aos agentes de segurança prestadas pela igreja. Sem falar dos cultos espirituais destinados aos policiais, onde eles recebem de "Deus" unção e forças para seguir cumprindo as ordens de um Estado cuja política de segurança preconiza a morte de pretos, pobres e periféricos, em nome da manutenção da ordem. E quem se posiciona contra esse genocídio estrutural é um herege que deve ser levado a fogueira santa. Podemos estar diante do início de um tribunal da inquisição universal. Marx já nos alertou de que a história se repete primeiro como tragédia e depois como farsa. No caso dessa interferência Universal na segurança pública do Estado brasileiro, farsa e tragédia se transformam numa coisa só. No inferno da sociedade brasileira.Desde 2018, segundo uma matéria do The Intercept Brasil, pastores, obreiros e voluntários da Igreja Universal estão sendo designados para visitar batalhões de polícia para levar a "palavra de Deus" aos agentes da segurança pública. Período que coincide com o aumento de casos de abuso de autoridade cometidos por policiais e com ações mais hostis e violentas praticadas contra a população. A PM de São Paulo, que é comandada por Tarcísio de Freitas, governador eleito pelo Republicanos, partido que pertence à Igreja Universal, ultimamente tem sido uma das mais assíduas nesses encontros espirituais. Segundo a mesma matéria do The Intercept, nos dias 14 e 15 de março deste ano, um templo da IURD que fica na região da Lapa, esteve lotado de policiais fardados e o estacionamento do local repleto de viaturas. Talvez, desse encontro, tenha surgido a inspiração divina da PM paulistana para a chacina no Guarujá realizada em agosto. Um modus operandi de controle social ungido pelo deus de Edir Macedo, que um dia já se declarou favorável ao aborto como controle da natalidade periférica. Até porque, pobre não tem dinheiro para dar o dízimo. Melhor que não nasça.Outro ponto que merece atenção, é a sintonia entre as bancadas evangélica e da bala. Ambas compartilham de uma ideologia cristofascista, que defende a vida plena para os seus aliados e a morte social (e em alguns casos, também a física) de seus opositores. As duas bancadas estão repletas de parlamentares cujos prenomes remetem à sua patente ou ao seu título religioso. Vereador sargento, Deputado pastor, Senador delegado e por aí vai. O batismo religioso das polícias precede a perdição eterna do Estado democrático de direito. Estaremos condenados ao fogo do inferno universal, num apocalipse à brasileira onde haverá muito choro, ranger de dentes e direitos individuais violados. Esse demônio sócio religioso precisa ser expulso em nome da laicidade do Estado e pela conservação de um mínimo de civilidade e respeito nas relações sociais. Queima eles, senhor! Queima!