Quem vai limpar o batcu do Ministério da Saúde?
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Marmotagem ativista que usa a esquerda identitariamente destrói a verdadeira luta
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A primeira coisa que me veio à mente ao ver o vídeo no qual um "artista" recita poeticamente um "batcu" ao microfone, enquanto uma dançarina empina freneticamente o seu derrière, durante uma apresentação "cultural" realizada em um evento do Ministério da Saúde, foi dizer por que não eu? Não que eu quisesse expor o minha buzanfa preta ao público, algo que seria, além de mal gosto, um fato escatológico. Mas, como artista, gostaria de ter a oportunidade de me apresentar em um dos eventos organizados pelo governo que ajudei a eleger. No entanto, a burocracia e os conchavos não permitem que outros artistas, talvez, com um conteúdo mais apreciável e menos prejudicial a própria imagem do segmento, não são dignos desse oportunidade.O surrealismo do fato só me permite aventar uma possibilidade. A de que existe algum agente sabotador do governo dentro do ministério. E o presidente Lula, e nós, que o ajudamos a elegê-lo, sem dançar ciranda e sem precisar mostrar o monossílabo sem acento para ninguém, não merecemos tamanho vacilo. Pior ainda, é saber que num evento destinado à promover a implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde, o departamento responsável pela campanha quis matar a nossa luta do coração, oferecendo à extrema-direita recursos para capitalizar ainda mais sobre a sua pauta moral e de costumes. E eles sabem fazer isso muito bem. Com ou sem motivos. A "mamadeira de piroca" que o diga. Nem precisavam dessa preciosa "ajuda" dada pelos "companheiros" da Saúde. E justamente o Ministério da Saúde, alvo de cobiça do centrão chefiado por Artur Lira.Obviamente que essa performance erótica e sem nenhuma razão de ser, não se compara a indecência social promovida pelo governo de extrema direita que chefiou o país nos últimos quatro anos. Perversão moral maior do que 700 mil mortos porque o então presidente se recusou a comprar a vacina e milhões de pessoas passando fome ou recorrendo à fila do osso e das vísceras para sobreviverem, nem Sodoma e Gomorra produziram. Porém, eu sinceramente gostaria de saber o que se passou na cabeça do responsável pela contratação do "show". Quando tudo está indo bem com o governo, a economia do país apresenta bons resultados sob Lula, alguém, que só pode ser um infiltrado, comete um desatino desse porte. Uma lambança federal que já deve estar sendo compartilhada em disparos pós grupos de whatsapp bolsonaristas. Sobretudo, nos grupos ligados às igrejas evangélicas, que a essa altura devem estar repreendendo o "cumunismo" como o seu mais novo demônio folclórico.Eu posso ouvir as gargalhadas de Damares Alves, Magno Malta e companhia, agradecendo a caixa de munição oferecida de graça para a artilharia fundamentalista descarregar sua metralhadora ideológica contra a esquerda e o governo Lula. Quem precisa de banheiro unissex para criar um pânico moral na sociedade, quando alguém do próprio governo se encarrega de deixar a porta do banheiro aberta e o "batcu" de fora para quem quiser ver? Tudo isso foi um verdadeiro tiro no pé da esquerda. Foi por causa de "performances artísticas" como esta, que o bolsonarismo foi ganhando corpo e chegou ao poder. Quem não se lembra de uma manifestação cultural realizada no MASP, em São Paulo, na qual um coletivo urinou, cuspiu e defecou em cima das fotos de diversos políticos. Entre eles, Eduardo Cunha, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Também tivemos o espetáculo "Macaquinhos", onde os atores enfiavam seus dedos no "batcu" um do outro.Parafraseando um lema que caracterizou o Flamengo dos anos 1970 e 1980, eu diria que inimigos a esquerda faz em casa. E agora é hora de limpar toda a burrice que saiu desse "batcu" e tentar diminuir o estrago causado por essa problemática e injustificável desatenção. Se há um sabotador, que seja identificado e demitido. O que não pode acontecer, é sermos prejudicados mais uma vez por essa marmotagem ativista que usa a esquerda identitariamente e destrói a verdadeira luta de quem defende a ideologia com dignidade, respeito e resistência. A esquerda não é isso, o PT não é isso, o progressismo não é isso, e isso tem que ficar bem claro.