China prepara estratégias para neutralizar sanções dos EUA em caso de conflito em Taiwan

Pesquisadores chineses avaliam respostas a potenciais sanções americanas
247 - Em um cenário de guerra com os Estados Unidos em relação a Taiwan, a China precisaria criar uma rede global de empresas sob sanções dos EUA, apreender ativos americanos dentro de suas fronteiras e emitir títulos denominados em ouro, de acordo com pesquisadores afiliados ao governo chinês que estudam a resposta ocidental à Rússia após o início da guerra na Ucrânia. As sanções contra Moscou levaram centenas de economistas, financistas e analistas geopolíticos chineses a examinar como a China deve mitigar cenários extremos, incluindo a perda de acesso ao dólar americano, de acordo com uma revisão da Reuters de mais de 200 artigos e papers acadêmicos em chinês publicados desde fevereiro de 2022."No contexto da intensificação da competição estratégica sino-americana e do conflito no Estreito de Taiwan, devemos estar atentos à possibilidade de os EUA replicarem esse modelo de sanção financeira contra a China", escreveu Chen Hongxiang, pesquisador de uma filial do Banco Popular da China (PBOC) na província de Jiangsu, no leste do país. Segundo ele, a China deveria "se preparar para um dia chuvoso" para garantir sua estabilidade financeira e econômica. A especificidade dos cenários e das contramedidas potenciais estão sendo relatadas pela primeira vez pela Reuters.Ao avaliar a experiência da Rússia, muitos pesquisadores alertam que a economia muito maior da China e sua dependência de tecnologia estrangeira avançada e importações de commodities tornam uma disputa de sanções com o Ocidente potencialmente mais destrutiva. Alguns reforçaram a visão de que aumentar a interdependência poderia ser uma abordagem melhor do que fechar as portas.Oficiais militares de alto escalão dos EUA afirmaram que o presidente chinês, Xi Jinping, ordenou ao Exército de Libertação Popular que esteja preparado para uma incursão em Taiwan até 2027. Pequim não descartou o uso da força para impedir uma declaração unilateral de independência da ilha, embora nunca tenha divulgado detalhes sobre preparativos de guerra. No entanto, as discussões sobre sanções dos EUA, incluindo de pesquisadores dentro do estabelecimento de política externa e financeira da China, aumentaram 50% nos 12 meses seguintes ao início da guerra na Ucrânia, em comparação com o período correspondente do ano anterior, de acordo com uma análise da China National Knowledge Infrastructure, a maior base de dados de literatura acadêmica do país."A análise de vários cenários possíveis e a formulação de prevenção, resposta e contramedidas para a China são, sem dúvida, uma prioridade máxima para os formuladores de políticas da China", escreveu Yu Yongding, economista e ex-consultor do banco central, em um artigo de julho de 2022. A Reuters contatou todos os pesquisadores mencionados nesta reportagem diretamente ou por meio de suas instituições, mas a maioria se recusou a comentar ou não respondeu. Yu encaminhou a Reuters para um artigo de opinião que ele escreveu sobre desvinculação.O PBOC disse em comunicado que os artigos de pesquisa escritos por seus funcionários representam suas opiniões pessoais. O banco central não respondeu a perguntas sobre seu planejamento de sanções. O Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China não respondeu a questionamentos sobre o planejamento de contingência de Pequim.