Halloween em Gaza

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Fora o Halloween, fora a guerra, fora as armas

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O Halloween acontece agora no final de outubro. Veio dos Estados Unidos como vêm as bombas sobre os palestinos. Na festa dos monstros americana as crianças perguntam “doce ou travessura?” Em Gaza os soldados perguntam “bala ou bomba?” A resposta já prevê uma consequência desastrosa. O povo palestino de Gaza está sendo exterminado com requintes do horror do Halloween sem atenuantes de festa. É só o lado monstruoso e fantasmagórico que prevalece. Israel abusando do seu direito de autodefesa depois do ataque cruel do Hamas elimina um povo inteiro.Do Halloween de Gaza só vemos inicialmente as imagens aéreas e distantes das bombas explodindo, mas imaginamos e aos poucos vamos vendo também o cenário de destruição. Daqui de longe onde a festa do Halloween foi trazida pelo capitalismo para ganhar mais dinheiro não conseguimos imaginar o horror verdadeiro das ruas de Gaza. Pensar no seu bairro, na sua cidade destruída por outro país é inimaginável. Quem faria isso? Os argentinos, os uruguaios ou paraguaios? Impossível apesar de termos feito parecido na Guerra do Paraguai. Foi um genocídio a olhos abertos numa época em que a comunicação pasteurizava tudo o que era feito. Os generais brasileiros viraram heróis e a guerra do Paraguai entrou para os livros de História. O povo palestino ver sua rua, sua casa, seu bairro destruído pelas bombas e suas crianças, mulheres e idosos sendo mortos não se justifica por mais que tenha sido bárbaro e cruel o ataque do hamas, um grupo terrorista, à Israel, um estado. Muito se discute se Netanyahu sabia e deixou acontecer para justificar sua reação exterminadora. Um dia saberemos. Fato é que nenhuma guerra é nobre. Nenhum extermínio ou genocídio tem suas razões reconhecidas pela História. Nenhuma festa de Halloween, por mais caricata que seja é capaz de disfarçar o mal estar daquele cenário de horror.Biden e Netanyahu se encontrando e tratando a morte de um povo com um distanciamento repugnante, adiando a entrada de auxílio humanitário e dificultando a saída de estrangeiros pelo Egito mostra que o mundo ocidental quer mesmo a guerra e vira um Halloween geopolítico. O veto na Assembleia da ONU à proposta do Brasil isolou os Estados Unidos e mostrou ao mundo no que esse “equilíbrio” está se baseando. A aliança entre Israel e Estados Unidos se alimenta do dinheiro gasto com mísseis, com a indústria bélica e com todo o capital que circula nos dois países. Pode mudar o governo dos Estados Indos e o de Israel que esse acordo vai permanecer. O período de paz entre Israel e Países Árabes criou a ilusão de que esse convívio seria possível. Mas essa solução não interessava à direita israelense, e muito menos aos senhores da guerra. Aquela região é o cenário perfeito para o extermínio de um povo e que como os pobres, os negros, os indígenas, os gays e outros grupos oprimidos não interessam aos países donos do poder.Pode parecer estranho e até pesado, mas a festa de Halloween esconde uma naturalização do horror diante dos mocinhos brancos e comportados. Matar os monstros ou transformá-los em figuras caricatas normatiza também o extermínio e a guerra. Fora o Halloween, fora a guerra, fora as armas. Queremos viver em paz e festejando a alegria.