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Brasil247.com
Октябрь
2023

A extrema direita e o projeto do tecnoautoritarismo

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"São Paulo dispõe do mesmo software israelense usado pela Abin para espionar adversários de Bolsonaro", escreve Florestan Fernandes Jr.
No início deste ano, publiquei um artigo aqui no Brasil 247 ("Eu sou o estado": o delírio do Rei Sol tabajara) sobre a descoberta de um sistema secreto para monitorar jornalistas, opositores e desafetos, que chamei na época de SBI - Serviço Bolsonarista de Inteligência, uma verdadeira réplica do antigo SNI (Serviço Nacional de Inteligência), dos anos de chumbo da ditadura militar. Agora, volto ao assunto ao tomar conhecimento que as investigações da Polícia Federal não só confirmaram a arapongagem como descobriram o tamanho da ação, só nos últimos três anos do governo Bolsonaro a Abin monitorou a vida de mais de 33 mil brasileiros. Talvez influenciado pelos casos de intrigas envolvendo os amigos milicianos, Bolsonaro e seus filhos, principalmente Carlos, sempre demonstraram uma mania de perseguição, algo doentio. Isso vem de longa data, e está intimamente ligado aos negócios da família. Denúncias que rodaram os gabinetes políticos do patriarca e de seus filhos. Esquemas de desvio de dinheiro público que teriam o envolvimento de parentes, amigos e milicianos no que se convencionou chamar popularmente de “rachadinha”. O bloqueio destas investigações levou inclusive a queda de Sergio Moro um ano e três meses após sua nomeação no ministério da Justiça. Com a chegada ao poder, Bolsonaro não mediu esforços para blindar ele próprio e sua família de qualquer investigação. Usou e abusou de mecanismos para não prestar contas de sua administração criando todo tipo de dificuldade, inclusive a não liberação para os jornalistas de documentos solicitados através da Lei de Acesso à Informação. Bolsonaro chegou ao cúmulo de impor sigilo de 100 anos a atos e informações pessoais de integrantes do governo ou mesmo de sua família. Daí a criar um monitoramento de seus desafetos foi um pulo, que provavelmente tem o Carlos Bolsonaro como mentor intelectual. Carlos não só pretendia, mas ao que tudo indica pois de pé sua Abin paralela. O ex-ministro Gustavo Bebianno chegou a falar sobre isso numa entrevista que deu ao programa Roda Viva em março de 2020. Ao responder uma questão sobre o gabinete do ódio que muitos diziam funcionar dentro do Palácio do Planalto, Bebianno afirmou: “Um belo dia Carlos me aparece com um nome de delegado federal e três agentes, que seria uma Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Heleno foi chamado e ficou preocupado com aquilo. Mas o general Heleno não é de confrontos e o assunto acabou ali, com o General Santos Cruz e comigo. Nós aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma, porque muito pior do que o gabinete do ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu saí e não sei se isso foi instalado ou não". Bebianno não teve tempo para saber, morreu poucos dias após a entrevista aos 56 anos vítima de um infarto fulminante. O relacionamento entre Carlos e Bebianno era péssimo e foi determinante para o rompimento dele com o então governo. O ex-ministro sempre deixou no ar ter conhecimento de fatos não esclarecidos da tal faca ocorrida na campanha de Bolsonaro em 2018. Segundo Bebianno, foi Carlos quem impediu que o pai utilizasse o colete à prova de balas no dia do comício em Juiz de Fora. Voltando ao maior escândalo de espionagem da república, o que a PF já tornou público é que o equipamento foi usado para monitorar pessoas sem autorização judicial, e a partir dai acompanhar seus passos em tempo real. Mas a menina dos olhos de Bolsonaro era mesmo o programa Pegasus, que tem um potencial ainda maior que o monitoramento físico, o de invasão e hackeamento do aparelho celular. Foram muitas as tentativas de compra do equipamento pelo governo. Chegaram até a lançar um edital para adquirir um sistema semelhante, a harpia. O fato é que essas ferramentas que já são potencialmente perigosas, nas mãos dessa turma da extrema direita, viram instrumentos de tecnoautoritarismo. Nos quatro anos do governo Bolsonaro a sanha golpista superou qualquer expectativa que tivéssemos. Sempre se superam na torpeza. Dos 33 mil monitoramentos realizados pelo software espião, apenas 1800 estavam intactos. Mais de 31 mil monitoramentos foram deletados assim que teve início a investigação da PF. Quem apagou? Não é difícil imaginar, mas certamente será difícil comprovar. Esse pessoal continua ativo em vários governos estaduais. E é preocupante saber que num deles, o de São Paulo dispõe do mesmo software israelense usado pela Abin para espionar adversários de Bolsonaro. Equipamento que pode muito bem ser utilizado por extremistas de direita que migraram do Planalto para o palácio dos Bandeirantes.










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