EUA: Médico relata cena de pesadelo em hospital do Maine que tratou vítimas de atentado a tiros
img src="https://cdn.brasil247.com/pb-b247gcp/swp/jtjeq9/media/20231026211020_e12f6f5bd69a333e7a9fa5f2d7fe6d89bd6977c5a4e17d666289ee57705ae8fb.jpg" width="610" height="380" hspace="5" /
Centro médico de 250 leitos nunca viu nada parecido com as consequências do tiroteio em Lewiston, que deixou 18 mortos e mais de uma dúzia de feridos
br clear="all"
LEWISTON, Maine (Reuters) - O doutor Richard King estava voltando do Centro Médico Central Maine para casa, na noite de quarta-feira, quando recebeu uma ligação urgente de um colega cirurgião, avisando que o hospital estava sendo inundado por feridos em um evento com múltiplas vítimas.King, o diretor médico da área de trauma, imediatamente deu meia volta e acelerou pelas ruas de Lewiston com as luzes de emergência piscando, para descobrir o que mais tarde descreveu em uma entrevista como uma "cena de pesadelo". O pronto-socorro estava lotado de pacientes feridos e sangrando, vítimas do último atentado a tiros que atingiu uma cidade americana.Em poucos minutos, King começou a trabalhar realizando uma cirurgia de “controle de danos” em uma vítima de tiro, para estancar o sangramento e salvar sua vida antes de entrar em uma sala de cirurgia diferente, para começar a trabalhar em outro caso. “Foi uma situação de caos organizado”, disse King. "Foi realmente muito surreal. Lemos sobre esses eventos com muita frequência e, depois, fazer parte de um..."A equipe do Centro Médico Central Maine entrou na quarta-feira para um grupo cada vez maior de médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos que trabalham em cidades como Colorado Springs, no Colorado, Highland Park, no Illinois, e El Paso, no Texas, que viram seus hospitais serem inundados por vítimas de atentados a tiros nos últimos anos.King disse à Reuters por telefone, de dentro do hospital fortemente vigiado, que o centro médico de 250 leitos nunca viu nada parecido com as consequências do tiroteio em Lewiston, que deixou 18 mortos e mais de uma dúzia de feridos. Lewiston, um antigo centro da indústria têxtil, é lar de apenas cerca de 38 mil pessoas, mas ainda é a segunda maior cidade do Maine, o Estado norte-americano classificado pelo FBI como o menos violento do país.O número de mortos na quarta-feira ficou apenas ligeiramente abaixo da média de homicídios no Maine durante um ano inteiro. Mas King disse que a equipe do centro médico passou por treinamento em eventos de vítimas em massa e que parecia que “todo o hospital” correu para as instalações para ajudar. LEIA TAMBÉM: Polícia do Maine procura reservista do Exército dos EUA suspeito de matar 18 pessoasOito vítimas dos tiros -- cinco que estão estáveis e três em estado crítico -- permaneceram no hospital nesta quinta-feira. “Nós realmente fizemos o que normalmente faríamos, apenas na capacidade máxima e com o máximo esforço”, disse King. "Foi inspirador ver como toda a nossa equipe respondeu, como todos se mostraram à altura."Embora haja um cirurgião de plantão fora do expediente, mais de 30 outros estavam no local poucos minutos após as primeiras ambulâncias chegarem ao hospital, disse King. À medida em que uma vítima após a outra era levada às pressas para o pronto-socorro -- mais de uma dúzia de vítimas do atirador chegaram -- os médicos ficaram preocupados com a possibilidade do suprimento de sangue do centro médico não resistir. Isso forçou King e outros cirurgiões a fazerem tudo que foi possível para conter a perda de sangue entre os pacientes.Após o tiroteio, King disse que a coisa mais difícil para ele e outros membros da equipe, alguns dos quais tinham familiares e entes queridos que foram mortos, é aceitar a perda de vidas e a tragédia que se abateu sobre Lewiston, especialmente porque a adrenalina do tratamento das vítimas passa.