Portugal elegeu 76 mulheres para a Assembleia da República nestas legislativas. Resultados revelam poucas mudanças em relação aos últimos dez anos e poderá até falar-se em retrocesso na paridade.
Desta vez houve festa nas hostes do Livre, que quadruplica a sua representação parlamentar face a 2022.
Desde 1985 que um partido vencedor não tinha tão poucos deputados. A esquerda também está nos seus níveis mais baixos.
Ainda com quatro mandatos por atribuir (dos círculos da emigração), a disputada noite eleitoral deste domingo teve uns vencedores mais indiscutíveis do que outros e derrotados que quase não o foram.
O BE elegeu dois deputados por Lisboa, dois deputados pelo Porto e um deputado por Setúbal: Mariana Mortágua, Fabian Figueiredo, Marisa Matias, José Soeiro e Joana Mortágua.
Chega é o vencedor da noite eleitoral com um crescimento em que mais do que quadruplica a bancada. Livre cresce, BE e PAN mantêm e CDU baixa.
No Parlamento, pela CDU, estarão Paulo Raimundo, Paula Santos, Alfredo Maia e António Filipe. A coligação volta a perder representação parlamentar, mas “resiste”, destaca o secretário-geral do PCP.
Com um resultado “à tangente”, líder do PS recusa recorrer à “táctica política” e não tentará geringonça. O seu trabalho será não dar espaço de oposição ao Chega e recuperar eleitores descontentes.
Na sala onde o PAN passou a noite eleitoral houve momentos de alegria, mas também de desilusão: “é o fim da democracia”, ouviu-se. O partido subiu os votos, mas só conseguiu manter a deputada única.
Os liberais mantiveram o número de deputados: oito. Apesar de ter estabelecido a meta na eleição de 12, Rui Rocha não retirará “consequências políticas”. Sente-se com “energia”, descreve.
Depois de se perceber a vantagem da Aliança Democrática, Luís Montenegro proclamou vitória da coligação e disse esperar que o Presidente da República o indigite primeiro-ministro.
O número de portugueses que se deslocaram às urnas aumentou face às últimas legislativas. A afluência não era tão elevada desde 1995.
PS não aprova orçamento do governo PSD, que ficará obrigado a negociar com o Chega
Antes da cerimónia de entrega de prémios, o desfile de talentos fez-se à porta do Dolby Theatre, em Los Angeles. Em grande destaque, as nomeadas da noite Emma Stone, Lily Gladstone e Carey Mulligan.
Chega conseguiu vitórias em várias frentes. Só não elegeu deputados em Bragança e teve mais de um milhão de votos.
Depois de confusões com a designação do partido, o ADN cresceu 900% em relação a 2022. O líder, Bruno Fialho é adepto do serviço militar obrigatório e negacionista da covid-19 e da crise climática.
Montenegro sorridente, festa no Chega e a apreensão na sede do PS. Do momento do voto às reacções aos resultados eleitorais, estas imagens contam a história de um dia das eleições em que os portugueses voltaram a ir às urnas.
Resultado eleitoral irá dar muito que falar no caso de o PS conseguir mais deputados do que a AD.
O sentimento anti-sistema é tão profundo que o Chega repolitizou o país, com a abstenção mais baixa destes 30 anos. Isso confere a Ventura uma dupla legitimidade para se impor à mesa dos grandes. Opinião de João Miguel Tavares
Agora há restaurantes em que é proibido ribeirar: só nos dão hora e meia, para a mesa poder passar para os clientes seguintes. É um desaforo. Opinião de Miguel Esteves Cardoso
Agora, mais do que nunca, a intransigência que impede a distinção entre inimigos de adversários só serve para alimentar o monstro. Opinião de Manuel Carvalho
Só há duas soluções possíveis, sem os arranjos habituais: coligação ou aliança entre AD e Chega; ou bloco central entre PSD e PS. Todas as outras são receitas para o desastre. Opinião de António Barreto
Não estou a defender uma coligação. Mas a única solução é a indigitação do líder da força vencedora, ao qual caberá ir negociando a governação do país, esperando igual escrúpulo do líder da oposição. Opinião de Francisco Mendes da Silva
Parte da surpresa que o país mainstream está hoje a viver decorre da prevalência de uma lente interpretativa que toma o que se passa nos media como o retrato de uma realidade partilhada por todos. Opinião de Rita Figueiras
Se o PS pode estar mais à esquerda, o PSD está mais à direita. Talvez o combate ao Chega os possa aproximar. O clima não é propício. Opinião de Teresa de Sousa