Procurador-geral da Guiana, Anil Nandlall assegurou que o país apelaria por ações militares e sanções. Território rico em petróleo é reivindicado por Caracas
Télam - A Guiana poderia fazer uma apresentação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas se o litígio com a Venezuela sobre o Essequibo se agravar.
"Qualquer ação ou tentativa de tomar qualquer ação sob o referendo exigirá recorrer ao Conselho de Segurança da ONU como parte prejudicada", advertiu o procurador-geral da Guiana, Anil Nandlall.
Em declarações à agência de notícias AFP, dois dias após o referendo em que cerca de 10 milhões de venezuelanos aprovaram criar na área uma província venezuelana e dar nacionalidade aos seus 125.000 habitantes, Nandlall indicou que Georgetown explorará "todas as vias disponíveis e obviamente essa é uma via".
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição no caso a Venezuela não reconhece, ordenou na sexta-feira passada ao governo venezuelano "abster-se de qualquer ação que modifique a situação atualmente vigente" no Esequibo e a ambas as partes "abster-se de qualquer ação que possa agravar ou estender a disputa".
Nadlall assegurou que a Guiana apelaria aos artigos 41 e 42 da Carta das Nações Unidas, que autorizam o Conselho de Segurança a tomar ações militares e aplicar sanções.
"Pode autorizar o uso de forças armadas por parte dos estados membros para ajudar a fazer cumprir as ordens do tribunal", expressou.
Caracas argumenta que o rio Esequibo é a fronteira natural, como em 1777 quando era colônia da Espanha, e apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899 que fixou os limites atuais.
A Guiana, por outro lado, defende esse laudo e pede que seja ratificado pela CIJ. A Venezuela nunca exerceu soberania sobre o Esequibo, que sempre esteve sob controle da Guiana.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, instou ontem a "um acordo diplomático, justo, satisfatório para as partes e amigável", após acusar os Estados Unidos de intervir na disputa para favorecer a gigante petrolífera ExxonMobil, que iniciou a exploração junto ao governo guianense de vastos campos de petróleo descobertos em 2015 em águas por delimitar.
"Deixe que a Guiana e a Venezuela, em paz, resolvam este assunto. Fora daqui", disse em referência aos Estados Unidos, sem anunciar próximos passos após o referendo.
Seu par guianense, Irfaan Ali, manifestou em um ato que "se Maduro tomar o caminho de ignorar a ordem internacional, será uma grande injustiça para o povo da Venezuela".