De acordo com o presidente chileno, aprovar uma nova Constituição deixa de ser prioritário
Prensa Latina - O presidente chileno, Gabriel Boric, apelou neste domingo (17), à unidade para construir um país melhor, após o encerramento do plebiscito em que o povo decidiu pela rejeição de uma proposta constitucional patrocinada pelas forças mais conservadoras.
Neste domingo, o projeto da Carta Magna promovido pelo extremista Partido Republicano e seus aliados de direita recebeu os votos contrários de 55,76 por cento dos eleitores, 11,52 pontos acima daqueles que se manifestaram a favor do texto.
“Tivemos, como sempre, um dia eleitoral exemplar porque foi calmo e célere; “O Chile pode voltar a orgulhar-se das suas instituições”, disse o presidente numa mensagem transmitida a toda a nação.
Boric reiterou que dada a expressão e vontade da soberania popular, durante o resto do seu mandato o processo constitucional fica fechado para se concentrar em outras emergências.
Embora seja hora de reconhecer o resultado daqueles que optaram pela opção “contra”, não podemos esquecer que uma parte importante dos participantes nas urnas inclinou-se para a opção “a favor”, acrescentou.
O presidente destacou que o país continuará com a atual Constituição porque, após duas propostas de plebiscitos, nenhuma delas conseguiu unir o Chile em toda a sua diversidade e, pelo contrário, a sociedade polarizou-se e a classe política ficou em dívida com a população.
Admitiu que este processo pretendia trazer esperança e, em última análise, gerou frustração e tédio num setor relevante de cidadãos.
Por isso, afirmou o presidente, não há celebração nem arrogância, mas sim humildade e vontade de trabalhar por objetivos indispensáveis, como a realização da reforma previdenciária e de um pacto fiscal para alcançar uma distribuição justa da riqueza.
Após o encerramento da consulta, Boric apelou à duplicação de esforços para vencer a batalha contra o crime, o tráfico de drogas e o crime organizado e proporcionar acesso ao que deveriam ser direitos iguais para todos, saúde, habitação, educação e pensões.
Assim, terminou no Chile um projeto emanado da revolta social de outubro de 2019 para substituir a Carta Magna imposta em 1980 pelo regime chefiado por Augusto Pinochet e parcialmente modificada durante os governos da chamada concertação pela democracia.