Empresa conseguiu a adesão dos principais bancos credores
247 – A Americanas está preparada para definir, na tarde desta terça-feira (19), o futuro de sua recuperação judicial, considerada a quarta maior do Brasil. O processo ocorre onze meses após a descoberta de inconsistências contábeis que totalizaram um prejuízo de R$ 42,5 bilhões. Com um acordo preliminar já estabelecido com bancos e fundos, que representam aproximadamente 57% do endividamento total da empresa, a expectativa é de que o plano de reestruturação seja aprovado na assembleia geral de credores marcada para às 14h, segundo reportagem do Infomoney. Este plano exclui dívidas entre empresas do mesmo grupo econômico, conhecidas como “intercompany”.
Para a aprovação do plano de recuperação judicial (RJ), é necessário mais da metade dos créditos de cada classe de credores — trabalhista, detentores de garantias reais, sem garantias (quirografários) e pequenas e microempresas —, considerando o valor total da dívida. Se a assembleia não atingir esse quórum mínimo, uma nova convocação será feita para o dia 22 de janeiro.
A Americanas já tem um acordo para suas principais dívidas. Os cinco maiores credores — Bradesco, Santander, BTG Pactual, Itaú e Safra, que têm cerca de R$ 16,5 bilhões a receber da varejista — assinaram o documento. O Banco Votorantim, ABC Brasil e fundos geridos pelo BTG e Itaú também aderiram ao Plano de Suporte à Reestruturação (PSA, na sigla em inglês).
Após quase um ano de crise, Bradesco, Santander, BTG e Safra, que inicialmente se opuseram à recuperação judicial da empresa, expondo críticas aos acionistas bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, acabaram aceitando participar do acordo. No PSA, foi acordado um aporte de R$ 24 bilhões, com R$ 12 bilhões sendo inseridos no caixa da empresa pelos acionistas e os bancos convertendo R$ 12 bilhões de crédito em ações da Americanas.
Se a proposta for aceita por mais de 50% dos credores na assembleia desta terça-feira, os bilionários contribuirão imediatamente com R$ 3,5 bilhões por meio de uma debênture com vencimento em dois anos. Além disso, está prevista a eleição de um novo conselho de administração da Americanas até 10 dias após a homologação do acordo. O conselho será composto por sete membros com mandato de dois anos.
A Americanas também planeja vender a Hortifruti Natural da Terra (HNT) e a Uni.co. Os recursos das vendas serão usados para o pagamento antecipado de dívidas (cash sweep) e, se ultrapassarem R$ 1 bilhão, o excedente será destinado às operações da companhia. Outras Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) não listadas inicialmente, como a operação de lojas físicas e e-commerce, também poderão ser negociadas.
Para dívidas trabalhistas e de micro e pequenos empreendedores, a Americanas se comprometeu a pagar o crédito integral. Outras classes de credores também receberão o valor total da dívida, desde que não ultrapasse R$ 12 mil. Valores maiores que R$ 12 mil terão uma oferta de R$ 12 mil, com renúncia ao excedente.
Por fim, serão destinados até R$ 8,7 bilhões para o pagamento dos credores financeiros, por meio de um leilão reverso com funding de até R$ 2 bilhões e pagamento antecipado com desconto de R$ 6,7 bilhões. Ao final do processo de recuperação judicial, a expectativa é que a dívida bruta da Americana seja de R$ 1,87 bilhão.